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“Temos uma constituição que assegura Direitos Humanos há 27 anos e ainda temos exclusão no Brasil”

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Publicado: Quinta, 05 de Novembro de 2015, 13h52 | Última atualização em Quinta, 20 de Setembro de 2018, 17h25 | Acessos: 1293

Palestra sobre educação inclusiva e emancipatória marcou abertura do II Seminário Institucional do Pibid e I Fórum de Educação Inclusiva do Napne do IF Goiano

 

Bem humorada e munida de verdades inconvenientes, Lenir Maristela Silva arrancou aplausos na noite desta quarta-feira, 4 de novembro, em sua palestra Educação Inclusiva, ministrada na abertura do II Seminário Institucional do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência e I Fórum de Educação Inclusiva do Núcleo de Atendimento a Pessoas com Necessidades Específicas.

Professora da Universidade Federal do Paraná, a palestrante iniciou sua fala com uma atividade lúdica, a dinâmica Congresso das Cores, na qual tratou sobre as diferenças constitutivas de cada um. Ao se apresentar, tratou da Lenir “além do que diz o currículo”, falando de sua trajetória pessoal, das sequelas da poliomelite que a vitimou aos dois anos de idade, e dos desafios enfrentados pela deficiência. Nessa prática, a professora ilustrou o que posteriormente trataria em sua fala: é preciso conhecer as pessoas a partir de suas histórias e vivências.

Durante a palestra, Lenir tratou dos desafios da inclusão do deficiente, do negro, da mulher e dos idosos. “Mas há muito mais que isso, a gente não falou aqui, por exemplo, do indígena, nem sobre a intolerância religiosa”, disse para enfatizar a complexidade do fato.

De acordo com a docente, a intolerância e a segregação do diferente se mantém quando a educação não propicia a emancipação do sujeito. “Nossa educação não é emancipatória, é reprodutivista, na qual professores repetem conteúdos sem análise crítica”, apontou. Para Lenir, é preciso haver, primeiramente, emancipação intelectual, imprescindível para a inclusão e para compreensão da realidade de forma crítica e contextualizada.

“Gente, olha essa escada aqui [apontando para o palco, cujo único acesso possível não contempla cadeirantes ou pessoas com deficiência de locomoção]. Isso aqui não é culpa de vocês, é de gente que construiu esse auditório há muito tempo. Mas, se esse engenheiro, por exemplo, tivesse tido uma educação emancipadora, ele pensaria em contemplar o outro, pensaria nas diferenças”, exemplificou a palestrante.

Lenir citou as grandes redes de televisão como exemplo de desserviço, ao repassar dados de forma parcial e sem estimular o debate, contribuindo para reforço de estereótipos e manutenção da intolerância ao diferente. E questiona: “Quando vocês querem presentar com uma boneca, o que encontram nas lojas?”, ao demonstrar a padronização a que a mídia e o mercado submetem a população, apresentando produtos que aumentam o fosso entre das diferenças - por exemplo, bonecas de corpo esbelto, peles brancas e cabelos sempre lisos.

Considerar a individualidade constitutiva de cada sujeito, ao contrário de padronizar e rotular, são importantes para compreender o que se passa com o outro, muitas vezes ignorado por nós. Ao trazer à luz a inclusão, Lenir aponta: "falamos de Educação Inclusiva, mas que inclusão é essa que quer que o deficiente aprenda tudo o que é ensinado a pessoas com perfeita cognição, e que muitas vezes essas tem dificuldades em assimilar?".

Ações Afirmativas – Sobre as cotas, muitas vezes polêmicas, a palestrante foi certeira ao dizer que, embora sejam – e devam ser vistas – como um paliativo, as ações são necessárias para por em pé de igualdade sujeitos com condições e trajetórias de vida desiguais. “Não vai se resolver rápido a questão da Educação Básica, porque ela depende de gestão pública e envolve muitas pessoas. Enquanto isso, é preciso ter ações afirmativas”.

Lenir aproveitou para esclarecer como se dá a formação do mito da meritocracia, este desejável para uma parcela da população que não aceita ter seus privilégios questionados. Explicou, por meio de imagens e exemplos, o erro em desconsiderar as dificuldades financeiras e sociais históricas dos sujeitos e tratá-los como iguais quando é conveniente.

Evento – o II Seminário Institucional do Pibid e I Fórum de Educação Inclusiva do Napne ocorrem até esta sexta-feira, 6 de novembro, no Câmpus Ceres do Instituto Federal Goiano. A programação do II Seminário conta com atividades sobre educação inclusiva, libras, programas de Inclusão Digital (ID) do Governo Federal, políticas públicas de educação inclusiva e dificuldades e distúrbios de aprendizagem.



Lenir Silva, ao tratar das dificuldades cotidianas para os deficientes, propõe: se ponha no lugar do outro, ande de cadeira de rodas, use uma venda

 

 

Ascom Campus Ceres

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