Especialização primogênita do Campus Ceres tem seu primeiro artigo publicado

Por Tiago Gebrim
Imagens: Lucianne Andrade

Há quase quatro anos, mais especificamente em setembro de 2017, o Campus Ceres do Instituto Federal Goiano (IF Goiano) ministrava a aula inaugural de sua estreia na especialização, a pós-graduação Lato sensu em Ensino de Ciências da Natureza e Educação Matemática (Ecnem). O ensino de pós-graduação no campus era recente – o mestrado profissional em Irrigação no Cerrado havia despontado dois anos antes – e havia uma lacuna a ser preenchida no tocante à formação de professores.

Hoje, já em sua terceira turma, a Ecnem brinda seu primeiro artigo publicado, fruto de pesquisa de trabalho de curso da discente Elivane Silva, que é professora de matemática na rede estadual. O trabalho destaca a importância do curso para a formação continuada de professores, cumprindo o papel da Instituição entre as finalidades destacadas pela lei de criação dos IFs, que é a de apoiar o ensino de ciências nas escolas públicas e ofertar capacitação técnica e atualização pedagógica aos docentes destas instituições.

Para saber mais sobre os passos dados pelo curso, entrevistamos a professora Lucianne Oliveira M. Andrade, atual coordenadora da Ecnem, e que desde seus primeiros passos acompanha e ministra aulas na especialização.

A Ecnem, primeiro curso de Pós-Graduação Lato Sensu do Campus Ceres, acaba de gerar seu primeiro artigo – A aprendizagem matemática: revendo as estratégias metodológicas e repensando a prática. O que representa, para o Programa, essa realização?

A publicação de um artigo é uma grande realização tanto para os estudantes, quanto para o curso. Este especificamente, produzido pela Elivane Leandro da Silva, que é professora de matemática na cidade de Ceres, atende a uma demanda latente na nossa região, que é a formação continuada de professores das áreas de Ciências da Natureza e Educação Matemática. É muito grande a satisfação em ver essa construção da Professora Elivane, atuante na rede pública estadual, que rege uma sala de aula, descobrir-se a Pesquisadora Elivane Leandro da Silva. Construção de uma escrita de artigo científico a partir de suas experiências com o ensino, das dificuldades vivenciadas no processo de ensino e aprendizagem de seus alunos, de seus colegas da área da matemática. O que representa para o Programa essa realização da agora Especialista em Ensino de Ciências e Educação Matemática, Elivane Leandro da Silva? Representa o sentimento do dever cumprido, de missão executada, proposta pelo Campus Ceres do IF Goiano quando passou a ofertar essa formação continuada para professores da nossa região do Vale de São Patrício: proporcionar a ampliação e aprofundamento de sua formação, discutindo o fazer docente, partindo da realidade da escola em que trabalha.

Sobre o artigo, quais são os autores (incluindo orientador) e em qual periódico/ plataforma ele foi aceito?

O artigo escrito pela Elivane Silva tem como coautores os orientadores de seu trabalho de curso – docentes Marcelo Coêlho da Silva e Lucianne Oliveira Monteiro Andrade, das áreas de Física e Matemática, respectivamente. Ambos são servidores do Campus Ceres e atuantes no curso. O artigo foi aceito e publicado pela Atena Editora e encontra-se no formato e-Book, gratuitamente, no endereço https://www.atenaeditora.com.br/post-artigo/48349.

A licenciatura é desafiadora, e o ensino das áreas de ciências como Química e Matemática parecem cercadas de resistência por parte dos estudantes. Pode falar sobre em que a discussão trazida neste artigo contribui quanto a isso?

A pesquisa apresentada no artigo da Elivane tratou justamente do desafio apresentado aos professores que trabalham nas áreas das exatas: pensar em estratégias de ensino que auxiliem seus estudantes a desenvolver o raciocínio lógico, a resolver problemas, vencendo a resistência às exatas. A partir de estudos fundamentados em autores como Ubiratan D’Ambrosio, grande pesquisador da Educação Matemática, a pesquisadora observou quais estratégias eram utilizadas por professores de matemática, atuantes em Ceres, durante suas aulas e os resultados alcançados por seus estudantes. As contribuições trazidas no artigo da Elivane e que reforçam a missão da Ecnem com relação à formação continuada de licenciados da nossa região, será apresentada a partir de um trecho de seu artigo: “o professorado que carece e solicita da formação continuada, referentes à didática de sala de aula, a conteúdos e metodologias para resolver situações do seu cotidiano, o preenchimento das lacunas formativas das quais foram privados” (p. 183).

Passados quase quatro anos do início da Ecnem no Campus Ceres, ocorrida em setembro de 2017, como você vê, enquanto coordenadora e docente do programa, sua trajetória? Quais são os principais desafios a vencer?

O Programa teve início em setembro de 2017, com a primeira turma. Em outubro de 2018 recebemos a segunda turma e em março de 2020, a terceira turma. Estudantes da primeira turma fizeram defesas de seus artigos no segundo semestre de 2019 e a segunda turma faria suas apresentações no primeiro semestre de 2020 quando, infelizmente, tivemos o início da Pandemia de Covid-19 e foi necessário parar com as atividades. Assim, foi necessário fazer reajustes no calendário, e apresento o que são os desafios: adequação de aulas no formato de aulas remotas para a turma de 2020 e para que os estudantes das turmas de 2017 e 2018 possam fazer as defesas de seus artigos, de forma on-line, em maio de 2021. Tudo isso está sendo possível, nesse período, devido ao empenho de servidores e estudantes em adaptar-se a essa nova realidade, se desdobrando em seus novos afazeres, novos aprendizados, sofrimentos e tensões trazidos pelo contexto em que estamos inseridos há mais de um ano. Uma vitória de cada vez, uma luta diária, mas sem perder a sensibilidade e o compromisso com a educação, com as pessoas, com a vida.

Como é o perfil dos ingressantes – quais as áreas de formação mais presentes, a situação de trabalho e os principais motivos elencados para estarem na Ecnem?

As três turmas, de 2017, 2018 e 2020 apresentam perfis muito parecidos, já que os estudantes, em sua grande maioria, são egressos dos cursos de Licenciatura em Ciências Biológicas e Licenciatura em Química, do Campus Ceres. Em menor quantidade, temos estudantes licenciados em Matemática, em Pedagogia, e Bacharéis em Farmácia, Direito e Sistemas de Informação. A opção para estarem na Ecnem é feita por atuarem como professores em suas cidades, alguns como efetivos ou temporários na rede pública estadual de educação. Assim, buscam obter aprimoramento em suas práticas e continuidade de seus estudos, bem como construir-se pesquisadores. Alegam que a escolha pelo curso também se deve ao fato de terem confiança no ensino que é oferecido pelos docentes do Campus Ceres, na formação inicial de professores e que a formação continuada poderá proporcionar, além de conhecimento, novas oportunidades de trabalho, de crescimento pessoal e profissional, abrindo portas para o mestrado, inclusive.

Em que os cursos de pós-graduação em Educação, principalmente a Ecnem, têm contribuído e no que podem contribuir para o ecossistema da formação de professores no Campus Ceres?

Os cursos de pós-graduação em Educação do Campus Ceres oferecem, em sua essência, um espaço formativo para professores graduados, em exercício, e para licenciados que almejem ampliar e aprofundar sua formação. Por se tratar de formação continuada, os cursos estão alicerçados na proposta de pensar estes profissionais como sujeitos criativos, capazes de transformarem suas práticas escolares de modo dinâmico e que atendam às necessidades da comunidade escolar. O Programa tem contribuído na efetiva formação desses profissionais das redes de ensino, em especial a rede pública, licenciados das áreas de Biologia, Física, Matemática e áreas afins, como a Pedagogia, que atuam na Educação Básica no Vale de São Patrício.

 

 

 

Ascom Campus Ceres