Meninas Digitais no Cerrado completa 05 anos de existência
Iniciativa que se originou como projeto de extensão coleciona feitos em todos os eixos institucionais, e principalmente como transformador da autoestima de meninas e mulheres envolvidas na Tecnologia da Informação
Por Tiago Gebrim
Na virada do mês de agosto para setembro deste ano, 2021, o projeto Meninas Digitais no Cerrado comemorou seus cinco anos de existência. Criado precisamente em 31 de agosto de 2016, a iniciativa, conhecida pela sigla MDC, se embasou em um projeto nacional, o Meninas Digitais, para trazer para o interior de Goiás uma proposta de empoderamento feminino na área de Informática.
No decorrer dos anos, o MDC saiu de um projeto de extensão formalizado para se tornar um conglomerado de iniciativas, avançando pelos eixos da pesquisa e do ensino. Inicialmente com proposta de instrumentalizar meninas e mulheres para alçar voos maiores dentro da área de Tecnologia da Informação, o MDC fez mais e causou um alvoroço não só no seu público-alvo, atingindo também mulheres de outros cursos do Campus Ceres, tais como Agropecuária, Meio Ambiente e até mesmo graduações, como a Licenciatura em Ciências Biológicas.
Seu foco foi ampliado e nas oficinas, minicursos, palestras e eventos organizados pelas participantes, valores como a horizontalidade e cooperação foram sempre cultivados, tornando o fator humano – de empoderamento, engajamento e reforço na autoestima – seu principal trunfo. Mas, se quisermos falar em números, o MDC coleciona quantitativos invejáveis ao longo de seus cinco anos, tais como mais de uma centena de atividades realizadas, entre elas 12 oficinas e minicursos, 13 publicações, inclusive em eventos nacionais, 12 palestras e 11 projetos formalmente cadastrados.
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No dia da comemoração, realizada virtualmente por meio do Google Meet, estiveram presentes também Cristiano Maciel, da UFMT, e Sílvia Amélia Bim, da UTFPR, idealizadores do Meninas Digitais, o projeto nacional, e que acompanham desde o nascimento o MDC. É bom falar, inclusive, que a versão goiana do projeto é desde seu início vinculada ao projeto maior, o que facilita e impulsiona a troca de conhecimentos e experiências, bem como amplia o alcance do Meninas Digitais no Cerrado.
Adriano Braga, atualmente diretor de Ensino do Campus e um dos criadores do MDC, fala sobre a importância em acreditar nas iniciativas locais: “[Estamos em um] campus de origem agrária, numa cidade historicamente colônia agrícola, no estado de Goiás. Então muitas vezes o pessoal acha que essa área do TI é mais para o Sudeste, mas não. E é interessante vermos, agora na pandemia, que há muitas meninas que formaram aqui e estão trabalhando em instituições grandes, fora da região do Cerrado, mas que moram no Cerrado. Então esta é a importância, agir localmente pensando em problemas globais, e o MDC vem neste sentido”.
Braga reforça que, ao contrário do que muitas vezes se pensa no imaginário popular, a ausência de mulheres na área de Tecnologia da Informação é mundial, bem como a luta para a desmistificação da área como tida como “masculina”. Em sua trajetória, como professor, ele passou a ver a importância em reforçar a autoestima e o saber das meninas”. E inclusive reforça que, ao longo do curso, é possível perceber um revés entre meninos e meninas: “Se pegarmos o percentual de ingressantes, o número de mulheres é menor, mas quando olhamos o número de concluintes que seguem carreira na área, o percentual é maior entre as mulheres”, informa.
Para Thalia Santana, que ingressou no projeto logo em seu início, como voluntária, a transformação foi profunda em toda a sua perspectiva profissional e pessoal. “Teve alguns momentos da faculdade em que eu achava que programar não fosse algo que eu gostasse, ou achava que eu não era boa. E no projeto uma vez falamos ‘Vamos fazer o site’, e o Adriano falou ‘Vamos, você consegue fazer’. E aí começamos a fazer do zero, e isso me empoderou a acreditar que eu conseguia criar e colocar o site no ar. Então esse processo de acreditar em todas as estudantes, de nos colocarmos como protagonistas desse processo, e foi assim que nós fomos dar palestras em outras cidades, apresentar em outros eventos”, conta ela.
“[O projeto] acabou sendo muito das coisas que optei para minha vida. Por exemplo, quando eu optei pelos caminhos que influenciaram na minha pesquisa de curso, foi uma opção delineada pelo projeto. Eu acredito que a história do projeto se confunde com a minha história, sabe, do crescimento, florescimento do projeto, maturidade. E aí descobri numa reunião, quando voltei pro IF, como professora, que eu seria também uma coordenadora. Então eu saí de extensionista, colaboradora, para a função de coordenadora”, encerra.
Ascom Campus Ceres
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