Acadêmica do Campus Ceres faz pesquisa sobre situação das estudantes mães
Concluinte de graduação em licenciatura partiu da própria vivência para trazer à tona a realidade das estudantes que, durante o curso superior, são ou se tornam mães
Por Tiago Gebrim
Fotos: Fausto Filho
Na tarde desta última terça-feira, 14 de dezembro, o Campus Ceres do Instituto Federal Goiano (IF Goiano) assistiu à apresentação do trabalho de curso (TC) da estudante Raiane Costa, do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Raiane, que é mãe de três filhas e produtora da agricultura familiar em Ceres, ousou pesquisar sobre um tema delicado – a situação das estudantes universitárias que são mães ou se tornam mães durante a graduação.
Partindo de sua própria vivência, cercada de desafios por ocasião da maternidade – Raiane começou a graduação já mãe e foi mãe novamente durante a graduação –, a estudante partiu em uma jornada atrás das estudantes mães do Campus Ceres. A busca não foi fácil: esses registros não fazem parte dos disponíveis nas secretarias acadêmicas, e foi preciso ajuda dos Centros Acadêmicos para conseguir mapear quem são e onde estão essas mães.
A partir daí, Raiane, orientada pelo professor Fausto Filho, atual gerente de Extensão da unidade, construiu um questionário semiestruturado, preparado para ser enviado e respondido via WhatsApp, com intuito de “trazer à luz questões veladas” e, de forma geral, “contribuir para plano de acesso, permanência e êxito deste grupo específico”.
Ao longo da pesquisa, a estudante entrevistou 25 mulheres, que, no texto, tiveram seus nomes substituídos por números, a fim de preservar suas identidades. As conclusões observadas por Raiane começam pelo fato de que cursar uma graduação é oportunidade para mães estudantes galgarem melhores condições de trabalho. Ao mesmo tempo, as mulheres inseridas no mercado estão cada vez mais sobrecarregadas.
Em se tratando da realidade destas mães no Campus Ceres, a pesquisa indicou que é raro haver mães solo entre as estudantes: dentro deste nicho, a maior parte se trata de mães recém-casadas. Disso pode se depreender que a falta de apoio, inclusive financeiro, é um fator para menor inclusão das mães solo no já minoritário grupo de mães estudantes. Além disso, Raiane observou que “as estudantes mães estão em sua maioria nos cursos noturnos, pois precisam conciliar trabalho, cada e estudos. Ou seja, acessam a Instituição de forma limitada”.
“Muitas mulheres possuem êxito em sua formação pelo fato de o IF Goiano ser uma instituição que tem se voltado às questões inclusivas”, afirma a estudante. Porém, um dos pontos revelados pela pesquisa é que tais situações muitas vezes passam despercebidas: “Os dados podem estar camuflados por falta de registro adequado por parte da Instituição”. Diante disso, ela formulou perspectivas e sugestões de ação, as quais foram apresentadas à equipe gestora da unidade durante a apresentação do TC.
Perspectivas e sugestões – Entre o elencado por Raiane, está o necessário mapeamento de perfil das estudantes mães de outras Instituições de Ensino Superior (IES) de Ceres e, decorrente disso, o estabelecimento de diálogos entre o IF Goiano e essas IES, a fim de “trazer luz às especificidades destas estudantes”. Além disso, todas as IES precisam estar empenhadas na construção de políticas institucionais voltadas ao acesso, permanência e êxito dessas mulheres.
E a lição deve começar em casa: como bem apontou Raiane, o IF Goiano ainda carece de textos específicos, seja em manuais ou regulamentos, voltados para a situação da mãe estudante/ gestante. Além dessa, outras sugestões da pesquisa foram: colocar núcleos como o Napne ou Nepeds para fazer este acompanhamento, possibilitar a formação complementar para servidores, especialmente professores, e implantar programas de apoio estudantil como a bolsa-maternidade.
A apresentação de Raiane Costa foi acompanhada pela sua família e pela equipe diretiva do Campus Ceres, entre eles o diretor e o gerente da pasta de Ensino, além do diretor-geral, Cleiton Mateus. Também acompanhou a defesa, por meio de videoconferência, a pró-reitora de Extensão do IF Goiano, Geísa Boaventura. Os gestores parabenizaram Raiane pelo estudo conduzido e se mostraram receptivos às sugestões trazidas pelo trabalho. A ideia é começar a implementar as mudanças atualmente possíveis e planejar as que exigem recursos financeiros, como bolsa-maternidade.
Ascom Campus Ceres
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