Ditadura militar e robótica são temas discutidos na II IntegraTec
Evento de integração dos cursos técnicos debateu questões em voga na sociedade, como regime militar e protagonismo feminino, sem descuidar de temas de interesse direto da formação técnica
Texto: Tiago Gebrim
Fotos: Alexandre Oliveira, Tiago Gebrim
O segundo dia da Semana de Integração dos Cursos Técnicos (IntegraTec) trouxe nada menos que 34 atividades durante os três turnos do evento. Ocorrendo simultaneamente em laboratórios, salas e outros espaços da Instituição, a IntegraTec traz múltiplas oportunidades para aprendizagem e debate entre os estudantes do Ensino Médio Técnico e de cursos técnicos subsequentes/ concomitantes.
Para além das atividades de cunho experimental e voltados para as áreas das disciplinas técnicas, o evento também trouxe espaço para debates de temas sociopolíticos que estão em voga no País. Um exemplo disso foi a atividade Golpe ou Revolução? Entendendo a ditadura militar brasileira. Organizada pelos estudantes Álvaro Cezar, Thiago Ribeiro e Geovana Rosa, do curso técnico em Agropecuária, a atividade lotou uma das salas do Bloco de Aulas D.
Os discentes apresentaram o percurso histórico dos governos militares, iniciando pelo impacto causado nas elites pelas reformas de base propostas pelo então presidente João Goulart, principalmente em relação à agrária. Essas são consideradas o estopim para a entrada dos militares no governo, apoiados pelas classes de poderio econômico do País e pela corporação midiática existente à época.
A apresentação deu ênfase a indicadores econômicos como taxa de crescimento do PIB, níveis de desemprego e inflação, expondo suas variações durante os diversos governos. Também indicaram as alterações ocorridas com a promulgação de cada um dos Atos Institucionais, nos primeiros dois mandatos do regime (Castelo Branco e Costa e Silva, de 1964 a 1969). Ao fim da apresentação, foi apresentado um quadro que elencava as conclusões do estudo, com análise sobre os prós e contras do regime militar. O espaço foi aberto para debate entre os presentes, que puderam expor suas ideias e opiniões sobre o governo militar e conjeturar sobre a validade ou não da adoção de um regime semelhante nos dias atuais.
Além de trazer o tema para debate com fundamentação histórica e econômica, a atividade chamou a atenção por ser organizada pelos próprios estudantes, que somente tiveram orientação do docente Ricardo Tadokoro, que ministra a disciplina de Sociologia do Campus Ceres. “Eles me procuraram para que eu os auxiliasse, indicando leituras e explicando alguns pontos cruciais do regime. Mas a apresentação foi toda elaborada e executada por eles”, explicou Tadokoro.
Robótica com representação feminina – Envolvendo protagonismo feminino com Ciência e Tecnologia, a última atividade da noite foi elaborada pelas participantes do projeto Meninas Digitais no Cerrado, o minicurso Introdução à Robótica. Antes de adentrar nos conceitos do curso em si, as integrantes apresentaram o grupo, que integra pesquisa e extensão, surgido em 2016. “Nós sentimos a necessidade de criar, em nossa região, um grupo que, a exemplo de outros que já existem, atuasse para dar apoio às estudantes e mulheres que atuam na área de Ciência e Tecnologia, historicamente dominada por homens”, explica a docente Ramayane Braga, coordenadora do projeto e docente do campus.
O minicurso apresentou o conceito de Open Hardware (hardware livre), fazendo um paralelo com os sofwares livres, tais como os baseados em Linux. A filosofia por trás é a mesma: a possibilidade de usar, compartilhar e editar livremente, adaptando o uso conforme a necessidade sem precisar pagar por soluções prontas e de código ou construção fechados. A partir desse conceito, as meninas apresentaram a história da Arduíno, placa utilizada em larga escala na área da robótica, que segue a ideia do Open Hardware.
Surgido dentro de uma universidade, na Itália, em 2005, o Arduíno foi desenvolvido por estudantes de Design de Interação, que buscavam uma alternativa de plataforma mais barata, para uso no próprio curso. Atualmente, além da fabricada naquele país, encontra-se diversos modelos baseados na original, todas possíveis por meio do conceito de hardware livre. “Antes do Arduíno já existiam kits de automação, principalmente da [empresa] Lego, mas que custavam entre 1.500 e 10.000 reais”, explica Braga, enfatizando que as placas de hardware livre podem ser encontradas a partir de valores menores que 100 reais.
Após a apresentação das partes físicas da placa e dos demais componentes de uso, como jumpers, a placa de testes Protoboard e os resistores, as ministrantes do curso falaram sobre as diversas áreas de atuação do Open Hardware, especialmente na Filosofia Maker, que capacita o usuário para montar seu próprio projeto de automação, e da Internet das Coisas (Internet of Things – IoT). Esta última, ainda em desenvolvimento e experimentação, promete ser a grande novidade para os próximos anos, vez que envolve a comunicação/ automação de diversos itens, que vão de eletrodomésticos a controles de tráfego inteligentes
Ao fim da aprestação teórica iniciou-se a prática com os itens apresentados, em que os grupos receberam orientação para montagem de um conjunto com uso de placas de Arduíno ou baseadas no mesmo. Para tanto, foram disponibilizados kits com LEDs e sensores de iluminação, envolvendo dois processos diferentes de montagem e experimentação.
Confira as fotos do 2º dia da IntegraTec
Ascom Campus Ceres
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