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Ciência para redução das desigualdades

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Publicado: Sábado, 20 de Outubro de 2018, 20h26 | Última atualização em Sexta, 19 de Abril de 2019, 21h15 | Acessos: 4824

Fieis ao tema da Feira de Ciência e Tecnologia de 2018, estudantes apresentaram projetos funcionais e executáveis, com aplicações úteis para a sociedade. Além dos experimentos tecnológicos, houve propostas para combate a preconceitos e auxílio na busca por emprego

Por Tiago Gebrim
Fotos: Alexandre Oliveira; Tiago Gebrim

 

 

Maior evento de exposição científica do Vale de São Patrício, a Feira de Ciência e Tecnologia do Campus Ceres do Instituto Federal Goiano (IF Goiano) apresentou, neste ano de 2018, mais de 90 trabalhos, em oito áreas do conhecimento, que abrangiam das Ciências Agrárias a Tecnologia da Informação, sem descuidar das áreas de Linguagens e Ciências Sociais, por exemplo. Muitos projetos atuaram de forma integrada, trazendo aplicações de uma área para proposta ou resolução de uma demanda específica.

Um desses exemplos foi o trabalho Uso do Arduíno como apoio à automação alimentar de peixes. Criado pelos estudantes Sabrina Dias, do curso técnico em Agropecuária, e Samuel Rocha, do bacharelado em Sistemas de Informação, sob orientação do docente Thony Carvalho, o protótipo utiliza a automação para dosar e programar a alimentação de peixes, podendo atender a até 1.000 animais. “O que diferencia nosso projeto é que ele possui um sensor de temperatura, porque a alimentação do peixe é baseada nesse fator. Se a temperatura estiver muito baixa ou muito elevada, ele se alimenta de forma diferente. Então utilizamos esse sensor de forma a regular a quantidade de ração, para não desperdiçá-la”, explica Dias.

 

 

Para controlar o sistema, o grupo desenvolveu um aplicativo, que traz programação para os hábitos alimentares de três espécies de animais: o pintado, a tilápia e o redondo. “Você informa a quantidade de peixes do tanque, quantidade de amostras e peso das amostras – e com isso, automaticamente, ele já fará o cálculo, levando em conta também a temperatura”, informa a estudante. O aplicativo disponibilizado informa a quantidade de ração, o número de vezes em que será fornecida e tamanho do grão da ração. Entretanto, é possível também montar o trato de forma manual, sem utilizar a programação automática do aparelho.

Também fazendo uso do Arduíno, o estudante Celson Cette Júnior criou uma impressora 3D, no trabalho Máquina-ferramenta (fresadora) com Controle Numérico Computadorizado (CNC). O equipamento, feito com base em materiais recicláveis, consegue modelar peças de 20 cm² com até 10 cm de espessura, podendo trabalhar em PVC, gesso, madeira e outros materiais. “O projeto surgiu a partir de uma necessidade, porque eu gosto de inventar e queria fabricar um motor totalmente caseiro, e para isso precisava de algumas peças que não tinha como fabricar manualmente. Isso me trouxe a necessidade de criar uma máquina para a fabricação dessas peças”, explica o projetista.

Cette Júnior utilizou peças recicladas para as mesas e engrenagens da impressora, com exceção da micro retífica, que atua diretamente nos materiais, e dos componentes eletrônicos – o Arduíno, a CNC Shied, que liga a placa eletrônica aos drivers, e os motores de passo, que identificam as posições e mexem as mesas da máquina de forma precisa para a impressão. O projeto se baseou em modelos disponíveis na internet, de impressoras 3D comerciais com três eixos, X, Y e Z. Para o controle, o estudante utilizou um aplicativo gratuito.

 

 

A redução de desigualdades em três projetos – Com base no tema da Feira, Ciência para redução das desigualdades, diversos estudantes trabalharam, de formas distintas, para melhoria de vida dos cidadãos. O primeiro projeto que destacamos é a Bomba d’água a vácuo caseira, trabalhando na redução das desigualdades, desenvolvido pelos discentes André Luís Pereira, David Barbosa Brito e Edilson Rezende, ambos do curso técnico em Agropecuária. Feita a partir de itens reaproveitados, como mangueiras e lata de óleo, a bomba funciona sem energia elétrica e de forma intermitente. Na simulação feita para apresentação na Feira, três usos eram possíveis: para oxigenação e renovação da água de tanques de piscicultura e para irrigação por gotejamento ou por sulcos. Conforme os projetistas, uma versão da bomba com galão de 200l terá capacidade para irrigar uma área de até um hectare, por gotejamento.

 

 

Com atenção à problemática do preconceito e acirramentos discursos de ódio, os estudantes Sarah Arruda, Alexandre Machado Santana e Mateus Andrade dedicaram seu trabalho à produção de um curta-metragem. As Lentes do Preconceito, com cerca de três minutos de duração, expõe realidades de racismo, machismo e preconceito de classes. A roteirização foi dos próprios estudantes, a partir de outras produções, como videoclipes, e percepções de possíveis cenas utilizando os cenários do Campus Ceres. As gravações ocorreram em duas tardes, envolvendo cerca de 10 outros estudantes, que se voluntariaram para participar. De acordo com Vieira, a reação do público foi positiva, inclusive com muitos casos de reconhecimento, por parte da plateia, de situações retratadas na obra. Parte disso ficou visível no quadro branco disponibilizado no ambiente da apresentação, em que os visitantes puderam escrever frases dolorosas de preconceito que já ouviram de desconhecidos, colegas e até familiares.

 

 

Por fim, um dos trabalhos de destaque foi a JLA Consultoria, desenvolvida pelos estudantes Alice Evangelista Silva, Leonardo Augusto Cedro e Julia Isabela Barros, orientados pelo professor Daniel Simon de Carvalho. Sob o nome Consultoria - Oportunidades na palma da mão, o trabalho dos estudantes produziu uma empresa virtual para auxiliar pessoas sem emprego a encontrarem oportunidades de trabalho. “Nós vimos que há vagas disponíveis e que muitas pessoas querem trabalhar, mas não sabem exatamente por onde começar a busca”, explicou o grupo. A iniciativa, que já existe há cerca de três meses, fez uma varredura nas lojas de Ceres e Rialma, presencialmente. Na oportunidade, os estudantes divulgaram sua proposta e cadastraram as ofertas de emprego disponíveis.

O segundo passo foi categorizar as vagas conforme as exigências e divulgá-las. Como a página da empresa no Facebook é ainda pouco conhecida, os estudantes escolheram divulgar as oportunidades de emprego em grupos de interesses locais. O resultado foi positivo, com respostas quase imediatas de interessados. A partir daí, os discentes avaliaram os candidatos conforme seus atributos, direcionando-os para as vagas mais prováveis pelos perfis. Embora ainda com certas dificuldades, os estudantes informam que já conseguiram efetivar cinco contratações, e darão prosseguimento com o projeto.

 

 

Finalização da Feira – Nos dois dias de exibições, a XIX Feira de Ciência e Tecnologia recebeu visitação de cinco escolas, sendo três de municípios circunvizinhos. Ao todo, foram contabilizados 448 estudantes, além de professores e autoridades municipais. O evento foi encerrado com a premiação aos trabalhos mais bem avaliados, no dia 19 de outubro.

Foram 24 projetos classificados, nas oito áreas do conhecimento disponíveis – Agricultura e Agroindústria, Artes, Letras e Linguística, Ciência Ambiental, Ciências da Natureza, Ciências da Saúde, Ciências Humanas e Sociais, Tecnologia da Informação e Zootecnia e Veterinária. Para todas as colocações foram conferidas medalhas, sendo que os segundos e primeiros lugares também receberam premiação em dinheiro de R$ 200 e R$ 400, respectivamente. Além dos trabalhos pontuados por avaliação, o público também teve oportunidade de escolher seu preferido por meio do voto da comunidade.

 

 

Ascom Campus Ceres

 

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Notícia elaborada conforme as restrições vigentes para o período eleitoral

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