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Equidade de gênero no ensino, pesquisa, extensão e política é tema de debate

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Publicado: Quinta, 03 de Outubro de 2019, 22h05 | Última atualização em Terça, 08 de Outubro de 2019, 23h58 | Acessos: 628

Mesa-redonda foi realizada na quinta-feira, 3, e trouxe diversos dados sobre desigualdades entre homens e mulheres.

Por Juliana Luiza Canêdo
Foto: Juliana Luiza Canêdo

 

 

Você sabia que o Brasil está entre os países que mais contam com autoras científicas? Elas somam 49% das publicações brasileiras, conforme o relatório Gender in the Global Research Landscape (Gênero no Cenário Global da Pesquisa), lançado em 2017 pela Elsevier, a maior editora científica do mundo. Contudo, mesmo alcançando tal igualdade, os cargos científicos de liderança ainda são, em sua maioria, ocupados por homens.

Situação semelhante pode ser observada no parlamento brasileiro, mesmo as mulheres sendo 50% do eleitorado. Na câmara municipal de Ceres – cidade onde está sendo sediado o Integra IF Goiano -, dos 11 vereadores, somente uma é mulher. Na câmara e no senado, só existem 10,7% de mulheres. Os dados foram trazidos na quinta-feira, 3, pela mesa-redonda Equidade de Gênero no Ensino, Pesquisa, Extensão e Política. O Integra está sendo realizado desde terça-feira, 1º de outubro, e segue até sexta, 4, no Instituto Federal Goiano (IF Goiano).

De acordo com a pesquisadora Fernanda Staniscuaski, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), existe um fenômeno mundial que faz com que mulheres, embora em número de matrículas igual ao de homens na graduação e no mestrado, diminua no caso do doutorado e na profissão de cientista. “Existe algum fenômeno que faz com que meninas que estão no início da carreira não cheguem ao topo”, explica. Além disso, a idade média das mulheres com bolsas de produtividade – considerada a mais importante na comunidade acadêmica - é maior, o que mostra que elas não só chegam menos, mas demoram mais a chegar a esse patamar.

Fenanda atribui a maternidade como um dos principais fatores que interferem nesse caminho. Mãe de três filhos, ela viu sua produtividade despencar no período de licença-maternidade e isso influenciou sua carreira, especialmente quando participava de editais de fomento. “Geralmente, o principal critério para análise dos currículos durante os processos seletivos é a quantidade de  publicações que você teve em um dado período, e não se leva em conta se a mulher se tornou mãe durante esse intervalo”, justifica.

Chateada após vários pedidos indeferidos, Fernanda fez um desabafo nas redes sociais e percebeu que era grande a quantidade de mulheres na mesma situação. Então, uniu-se a um grupo e fundou a Parent in Science, um movimento que luta pela retomada da carreira científica de pais e mães que estão voltando da licença-maternidade, por meio de aportes financeiros. O Parent in Science tornou-se um grupo de pesquisa que entrevistou, por dois anos, o impacto da maternidade na carreira científica de mulheres brasileiras.

Dentre os resultados, a constatação de que as mães cientistas têm, em geral, um só filho; tornam-se mães aos 33 anos – muito acima da média brasileira - ; são as únicas cuidadoras responsáveis pelos filhos e, por fim, não conseguem trabalhar em casa após a maternidade. Ainda, embora a maioria tenha submetido projetos a agências de fomento depois de mães, a maioria obteve, como Fernanda, negativa da agências de fomento. Diante de tais dados, o grupo conseguiu se articular para promover o Simpósio Brasileiro sobre Maternidade e Ciência – que em 2020 vai para a terceira edição. Infelizmente, o grupo de pesquisa foi descontinuado neste ano devido aos contingenciamentos, mas outras atividades do Parent in Science seguem em andamento.

Entre os encaminhamentos dos eventos está a campanha #maternidadenolattes, que consiste na informação das mães sobre a maternidade no currículo, a fim de que fique explícito o tempo dedicado à licença, por exemplo. “Por ora, como não há campo específico para esta finalidade, o Parent in Science orienta as mulheres a colocar essa informação na biografia”, pondera Fernanda. Outras reivindicações do movimento são por editais destinados a pesquisadoras mães após a licença-maternidade – algumas iniciativas isoladas já podem ser encontradas -, além de auxílios a dependentes para bolsas no exterior ou participação em eventos científicos.

Assédio – Além da representatividade, o assédio moral/sexual a mulheres foi levantado na mesa-redonda. A vereadora Simone Rosa de Oliveira, natural de Ceres, lembrou que isso ainda é muito comum na política, mas as mulheres não podem baixar a cabeça. “É dizer mesmo não, eu não estou aqui pra isso e sim para aprender, me engajar. Você está falando com a mulher errada”, orienta a parlamentar.

 

 

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Diretoria de Comunicação Social e Eventos (Ascom Reitoria)

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