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Inteligência Artificial: a revolução

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Publicado: Sábado, 05 de Dezembro de 2020, 02h21 | Última atualização em Quarta, 16 de Dezembro de 2020, 01h25 | Acessos: 748

Em palestra na abertura da Feira de Ciência e Tecnologia, pesquisador falou das mudanças e potencialidades da IA, a quarta revolução tecnológica

Por Tiago Gebrim

 

 

Nesta última quarta-feira, 02 de dezembro, o Campus Ceres do Instituto Federal Goiano (IF Goiano) realizou a abertura de sua 21ª Feira de Ciência e Tecnologia (FCT). O evento, tradicionalmente, reúne caravanas escolares na Instituição e mostra para a sociedade as pesquisas e experimentos em realização pelos estudantes do Ensino Médio Técnico. Em 2020, por ocasião da pandemia de Covid 19, a Feira foi adaptada para um formato totalmente on-line, com participação ativa de estudantes e núcleos de extensão e pesquisa do Campus Ceres.

A FCT seguiu, como tem sido ao longo dos anos, o tema proposto pela Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, no caso, Inteligência Artificial: a nova fronteira da Ciência brasileira. Para falar do assunto, o convidado foi o professor Celso Camilo Júnior, da Universidade Federal de Goiás (UFG), doutor na área de Inteligência Artificial, com mais de 80 trabalhos internacionais e nacionais publicados sobre o tema.

O professor iniciou sua explanação, nomeada Inteligência Artificial: a Revolução, contextualizando as revoluções tecnológicas ocorridas na história da humanidade e localizando a IA na quarta revolução industrial. Logo em seguida, chamou atenção para a participação brasileira na área. “Temos o espírito de vira lata, tudo o que é de fora do País é melhor, o que é de dentro, não serve. Quero mostrar o que temos feito aqui na UFG, com aplicações e soluções reais, nas áreas privada e pública”, enfatizou.

Conforme Camilo Junior, a IA é uma tecnologia “revolucionária, habilitadora, disruptiva”, mas é mais uma tecnologia, e deve ser entendida como tal. “Nós sempre estamos tentando desenvolver tecnologias para diminuir o trabalho humano e aumentar produtividade. Reduzir esforço, reduzir custo e aumentar a produção”, explicou. Para ele, as tecnologias desenvolvidas anteriormente, nas três primeiras revoluções, visavam expandir a capacidade motora do homem. “Tentamos expandir muito nossos músculos, fizemos novos músculos mecânicos (exemplo do trator). O que muda é que agora estamos querendo expandir as mentes”, explicou.

Para exemplificar o impacto social, Camilo Junior trouxe dados da produção agropecuária nos EUA: de 1790 a 2000, o percentual de pessoas envolvidas no trabalho neste setor reduziu de 90% para 2.6% da população, com curva oposta para a produção. Naturalmente, há que se considerar também o êxodo rural ocorrido nas sociedades, mas no número por si mostra a ampliação da capacidade produtiva com uso de automação promovida pela IA. E não se trata somente do emprego de robôs: aqueles exemplos tradicionais, de carros construídos por maquinários, já são anteriores. “Esses robôs (ainda em uso) são pré-programados. No novo paradigma, eles aprendem novas tarefas, pela observação”.

Robôs mais generalistas, com adoção da IA, trarão investimento reduzido e aumento de produtividade – como enfatiza Camilo Junior, fazer melhor, mais barato e mais rápido é o que motiva a geração de tecnologia. Para o professor, a IA será tão essencial quanto a energia elétrica. Exemplos disso, já em prática, são os carros autônomos, realidade nos EUA, e que são melhorados a cada dia. Nos carros da Uber, por exemplo, cada motorista do aplicativo tem seus dados coletados, envolvendo informações sobre localidade, modo de direção, aceleração, frenagem, entre outros. Para quem acha que carros autônomos servirão apenas para as ruas dos EUA, da Europa, ledo engano: a empresa cruza os dados com as avaliações dos clientes e assim chega a mapas de dirigibilidade adequada para cada localidade.


Aplicações para hoje – Durante a palestra, Camilo Junior abordou alguns projetos em construção, dentro dos laboratórios da UFG, com aplicações que tinham implicância direta na vida da comunidade. Um deles constitui-se de mapa de visualização da rede elétrica, composto de software e hardware, para cálculo da probabilidade pela vegetação causar danos à rede elétrica. Com seu uso será possível prever futuras interrupções elétricas motivadas pelo crescimento de árvores, direcionando os serviços de poda para evitar as ocorrências. Outra aplicação da IA são os assistentes virtuais, que já estão presentes e interagindo com a comunidade. “São muitos serviços, prestados inclusive para o Poder Público, alguns bem integrados, como para IPTU, que a partir de comunicação do cliente chega até à emissão de PDF com os boletos solicitados para pagamento”, conta o professor.

Uma das ações mais recentes foi o Chat Vitória, para auxílio na pandemia de Covid-19. Foi montada uma central de atendimento, cujo primeiro nível era um robô, que fazia as perguntas e, conforme as respostas, procedia à análise de probabilidade de o sintoma indicar Covid. Qualquer risco baixo era encaminhado para o nível 1, de enfermagem, que então já tinha atendimento humano. O Chat Vitória foi uma solução criada para Goiás e que, por fim, atendeu mais de 20 estados, com milhares de pessoas. Ele é um exemplo de que a “tecnologia propicia qualidade em escala”, uma solução que deu qualidade de acesso em todas as regiões.


Oportunidade desperdiçada? – Camilo Junior, ao falar da computação afetiva, chamou atenção para a mudança radical pela qual passará a Educação, mudança essa já iniciada e que inclui a interação com a IA pela geração atual e futuras. Contudo, o professor adverte que, em vez de buscar compreender o rumo desta mudança e atuar para direcioná-la, as instituições tradicionais continuam por tentar contê-la. “Não sei se o protagonismo dessa transformação passará por nossos IFs e universidades. Temos um legado muito arraigado que vai nos engessando, e podemos ser atropelados. [...] Apesar de gerarmos tecnologia e inovação, somos bem tradicionais nas organizações. [É preciso] discutir questões éticas, agilizar nossa capacidade de adaptação”, apontou.

Na sua fala, o professor ainda encontrou espaço para falar sobre a automação de diversas profissões, afirmando não ser questão de se, mas quando elas terão suas funções substituídas por IA. Contudo, Camilo Junior não aponta para uma distopia: em sua visão, novas ocupações surgirão, justamente decorrentes dos novos processos de automação, e que exigirão uma requalificação das pessoas. O desafio está em lidar com a onda de desemprego que muito provavelmente ocorrerá no meio deste processo. Além disso, a mudança atingirá profissões não somente relacionadas a serviços mais braçais, explica ele: “É mais fácil automatizar a função do médico em relação à do enfermeiro, pois é uma função bastante analítica. A enfermagem trabalha com os cuidados, há empatia, é um grau de atenção ainda muito difícil [de propiciar pela máquina]”.

Por fim, o professor retomou o início de sua fala, lembrando que o Brasil está em um rumo animador quando se fala de IA. “Temos muitos talentos e em projetos junto a empresas temos aumentado bastante o valor de bolsas para mestrandos, doutorandos. Temos retidos esse pessoal dentro do País”, informou. Contudo, traz a questão já tantas vezes discutidas em nossa Instituição, da aplicação das pesquisas para gerar recursos a partir do conhecimento produzido, em vez de mostrar o caminho e não dar seguimento. “A cada nova revolução o tabuleiro geopolítico se movimenta. Precisamos, enquanto elite pensante do País, apoiar o País para figurarmos nas fronteiras deste tabuleiro”, concluiu.

 


Figura mostra o percentual esperado de aumento de produtividade, em diversos países, a partir da adoção de IA

 

 

Ascom Campus Ceres

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