Diversidade e criatividade marcam a XVIII Feira de Ciência e Tecnologia

Estudantes do Colégio Estadual São Tomaz de Aquino durante apresentação do trabalho Nocividade da dependência ao cigarro. Ao todo, oito escolas visitaram a Feira

A Feira de Ciência e Tecnologia do Campus Ceres, seguramente o maior evento do gênero no Vale de São Patrício, tem o reconhecimento da comunidade. Durante os dois dias de exposição de trabalhos, 24 e 25 de outubro, a Feira recebeu mais de 600 visitantes, a maior parte oriundos de escolas da rede pública de Ceres e dos municípios de Itapuranga e Itaguaru. A exposição, com 57 trabalhos, foi preparada pelos estudantes do Ensino Médio Técnico, com orientação de servidores e, em alguns casos, com participação dos estudantes de graduação.

Com o tema A Matemática está em Tudo, muitos dos estudantes se esforçaram para vincular seus trabalhos com essa ciência. Foi o caso do trabalho Escansão e métrica: a matemática da literatura, dos estudantes Fernando Carrilho e Maria Alice Silva. Eles demonstraram a contagem silábica e de versos em poemas, abrangendo obras clássicas, como Os Lusíadas, de Camões, e explorando formas e trabalhos de autores como Shakespeare, Gonçalves Dias e Vinícius de Moraes.

Além da literatura, o estudante Fernando Carrilho também apresentou o enlace da Matemática com a música, no trabalho Os sons da matemática

Um dos estudos, fruto de um trabalho de campo realizado numa plantação de melancia, analisou a quantidade de água utilizada para a irrigação, sendo um exemplo prático da aplicação da matemática para a agricultura. O estudo, denominado Utilização da matemática para diminuição de extração de água do Rio das Almas, constatou que o volume de água utilizado era mais que o dobro do necessário, desperdiçando água sem que isso garantisse melhoria na produtividade. Por fim, a sugestão dos estudantes foi utilizada pelo gerente da propriedade para adequar a vazão e, consequentemente, economizar.


Estudante Luís Eduardo Parreira apresenta o método de verificação utilizado para medir a vazão de água na irrigação

Fazendo barulho e chamando atenção de quem visitava o Bloco D, o “motor movido a água” foi um dos trabalhos premiados na Feira. Desenvolvido pelo estudante Celso Júnior, o trabalho demonstrou a alimentação de um motor a combustão com uso de hidrogênio, obtido por meio da eletrólise da água. Confira a explicação detalhada do estudante no vídeo abaixo:

Os trabalhos apresentados na Feira de Ciência e Tecnologia tem importância fundamental no desenvolvimento dos estudantes, pois estimulam a criatividade e a pesquisa científica, aliadas à busca de soluções que possam ser implementadas, principalmente, em escala local e regional. De acordo com a coordenadora da 18ª edição da Feira, a professora Solange Corsi, a criação dos trabalhos pode ser o pontapé para uma pesquisa mais aprofundada. “O caminho é esse, porque por mais simples que comece uma ideia ela tem uma chance de ser desenvolvida futuramente para um projeto de pesquisa. Alguns trabalhos que foram apresentados ali já eram frutos de projetos de Iniciação Científica Júnior, que é voltado para o Ensino Médio. É uma sementinha que se planta, e que pode inclusive gerar outros estudos”, opina Corsi.

Mulheres participantes do programa Mulheres Mil expuseram trabalhos artesanais durante a Feira de Ciência e Tecnologia

Além de trabalhos, discussões – Outra realização importante desta 18ª edição da Feira foi o espaço para discussão de temas caros à sociedade brasileira, como o protagonismo feminino, bullying e assédio. Uma das iniciativas, executada pelo grupo de extensão Meninas Digitais do Cerrado, foi o Ada Lovelace Day. Nomeado em homenagem à matemática Ada Augusta King (Ada Lovelace), criadora do primeiro algoritmo a ser processado por uma máquina, o evento ocorreu no dia 24, primeiro dia de exposição de trabalhos.

No Ada Lovelace Day, meninas que ingressaram nos cursos da área de Informática, um território ainda marcado pela presença masculina, deram depoimentos sobre as barreiras vencidas ao longo da trajetória acadêmica. As apresentações foram espontâneas, conforme as estudantes se sentissem à vontade para falar. Após esse momento, houve uma mesa redonda, realizada com as professoras Flávia Bastos, Jaqueline Ribeiro, Flávia Abrão, a egressa Jéssica Silva e a assistente social Cláudia Barros. Elas contaram sua trajetória acadêmica e profissional, evidenciando os obstáculos que ainda existem na realidade feminina, em vários âmbitos da sociedade. Confira a mesa redonda:

Outro momento de debate foi o trabalho Isso é Assédio, apresentado pelos estudantes Gabriella Silva, Michel Tárik Lima e Ana Clara Fernandes, com a coordenação da psicóloga Bruna Fortunato. O trabalho trouxe situações cotidianas de assédio sofridos pelas mulheres e por crianças, vítimas de abuso sexual – todas representadas de forma teatral. Finalizando a apresentação, uma minipalestra sobre as formas de assédio mais comuns na realidade escolar, apresentada por Fortunato, chamava atenção à plateia para reconhecer, evitar e combater essas práticas, que tem impacto danoso na formação do jovem.

Cena de assédio representada durante o trabalho Isso é Assédio, demonstrando a situação de desvalorização da mulher no ambiente doméstico

Confira os trabalhos premiados na XVIII Feira de Ciência e Tecnologia:

>>> Confira o álbum de fotografias da XVIII Feira de Ciência e Tecnologia

Ascom Campus Ceres