II Fórum de Cultura traz experiência da IFRJ na criação de política cultural
Discussões subsidiaram criação de carta à comunidade e revisão da minuta da Política Cultural do IF Goiano.
O Instituto Federal Goiano (IF Goiano) reuniu nos dias 11 e 12 de maio gestores, servidores e representantes dos Núcleos de Ciência, Arte e Cultura (Naifs) de todos os campi no seu II Fórum de Cultura. O objetivo do evento foi a troca de experiências e encaminhamentos para a construção da Política Cultural da Instituição. O primeiro dia de evento contou com a participação de Andréa Rizzotto Falcão, professora de arte do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) que já atuou como artista, produtora cultural, gestora, consultora e pesquisadora.
A profissional trouxe ampla bagagem teórica, reflexões e apresentou como está sendo criada a Política Cultural da instituição onde trabalha desde 2017. Para Andréa, fazer uma política é abrir caminhos para que se opere a partir dela. “É a pedra fundante que nos dá um respaldo no agir e no fazer institucional, nos cria o sentido de coletivo, pois não é uma vontade pessoal, nem do gestor, e sim o resultado de uma série de articulações”, explica. São as diretrizes que vão apontar o que deve ser feito para cumprir a missão dos Institutos Federais e outras pessoas possam dar continuidade ao processo com o passar do tempo.
A professora lembrou, nesse sentido, que a lei de criação dos Institutos é uma referência importante, uma vez que nela está posto entre as finalidades e características o fortalecimento dos arranjos produtivos sociais e culturais locais. Apesar disso, a produção cultural nessas autarquias ainda é incipiente. O fato de já nascermos como rede é outro ponto positivo destacado por ela, uma vez que existem instituições muito diferentes entre si. “Essa diversidade é muito rica, estamos em todo o território nacional, então existem muitas formas de fazer, é preciso se conectar e fazer trocas”, sugere.
Andréa reforça, ainda, que a escola é o espaço onde os estudantes têm a oportunidade de ter contato com outras referências de mundo para saírem de suas microbolhas. “Temos o papel de incentivá-los a ampliar essas referências, até para que possamos falar de respeito e tolerância de forma concreta. A gente tem que experimentar, não adianta falar em tolerância se você só vê o mesmo filme, come a mesma comida, ouve o mesmo tipo de música”, justifica.
Para Andréa, a cultura tem que ser trabalhada nas políticas numa concepção antropológica, ou seja, nos modos de ser e fazer dos seres humanos, na diversidade das formas de se expressarem. Ela explica que as primeiras políticas culturais, das décadas de 1920-1930, simplificavam a arte e cultura cultura ao erudito e às linguagens artísticas como teatro, dança, literatura, como formas máximas de expressão de determinados grupos. Não consideravam as práticas populares nem outros tipos de linguagem, o que não mais deve ser reproduzido.
Após trazer os pressupostos para a construção de uma política cultural para os IFs, Andréa mostrou a experiência do IFRJ com esse processo. Para tanto, a instituição realizou dois diagnósticos. O primeiro levantamento foi relacionado à estrutura, projetos e profissionais envolvidos com arte e cultura na instituição à época. A segunda etapa foi uma pesquisa com 2,2 mil pessoas sobre o perfil cultural de servidores, estudantes e egressos. A partir desses instrumentos foi desenvolvido o documento base da política cultural – que contém as diretrizes gerais - e haverá, também, um plano de cultura, com metas e tarefas.
Encaminhamentos – Depois da fala de Andréa, os participantes do evento discutiram, no período da tarde, os principais desafios e proposições acerca da temática no âmbito do IF Goiano. Decidiram, por fim, compilar esses pontos numa carta aberta à comunidade, que será divulgada em breve. No dia seguinte do fórum, o grupo revisou a minuta da Política Cultural do Instituto que começou a ser criada no ano passado e os cumprimentos dos trâmites obrigatórios até sua apreciação pelo Conselho Superior da Instituição.
Para a pró-reitora de Extensão do IF Goiano, Geísa Boaventura, a cultura nos constitui como humanos e deve, portanto, ser formativa das práticas educativas. “Não dá para pensar na formação humana integral sem levar em conta a dimensão cultural e a produção da cultura precisa se fazer rotina na nossa Instituição”, defende. O II Fórum de Cultura teve como apresentação cultural a banda The Teachers, formada por estudantes, servidores e o diretor-geral do Campus Trindade, Júlio Cézar Garcia. O evento foi realizado de forma híbrida, on-line e presencial.
YouTube: acesse palestra da servidora Andréa Falcão
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