Pesquisa busca alternativas para integração lavoura-pecuária
Os experimentos estão sendo realizados na fazenda escola, em Iporá, e no município de Aliança do Tocantins (TO).
Uma pesquisa do Instituto Federal Goiano (IF Goiano) – Câmpus Iporá está analisando alternativas de integração lavoura-pecuária (ILP) adequadas a regiões que não possuem solos utilizados tradicionalmente para produção de grãos, como o oeste goiano. A ideia é encontrar soluções que diminuam os riscos econômicos, climáticos e ecológicos, tanto da atividade agrícola quanto da pecuária, promovendo maior estabilidade produtiva para a propriedade.
Em um dos experimentos, que está sendo realizado na fazenda escola, a integração foi implantada com os objetivos de reformar e de recuperar pastagens. Na recuperação de pastagens, o experimento avalia o uso do feijão guandu e da adubação de fósforo em braquiárias em degradação.
Na reforma, a pastagem é retirada e o solo preparado para nova semeadura. No experimento de integração lavoura-pecuária, a pesquisa está analisando possíveis culturas cujo investimento gere retorno pela venda de grãos e que deixem resíduos dos fertilizantes e matéria orgânica para o desenvolvimento da nova pastagem. No sistema convencional, sem implantação da agricultura, a reforma só gera custos.
No caso deste experimento, a reforma da pastagem foi feita com a cultura do milho e os resultados parciais demonstram que, além da venda do grão “pagar” o investimento realizado, os resíduos que ficam no solo promoveram a “engorda” mais rápida do gado que pastejou na área. Ou seja, o consórcio de pastagem com milho aumentou a produtividade da pecuária de corte.
O coordenador do projeto, o veterinário Tiago do Prado Paim, contou que foram testados três tipos de “tratamentos”: milho em consórcio com guandu e braquiária, milho e braquiária, e braquiária e guandu. “São diferentes estratégias de reforma de pastagem. O milho tem o potencial de produzir renda em 120 dias após o plantio, ou seja, é de retorno rápido. Já o guandu é uma leguminosa e, por isso, pode beneficiar o milho e a braquiária fornecendo nitrogênio”, explica.
Durante o período seco, o guandu ainda é pastejado pelos animais, o que deixa sua dieta com maior teor de proteína. “De fato, até agora percebemos que o tratamento com milho, braquiária e guandu produziu sete arrobas por hectare durante o período seco, enquanto os demais produziram somente cinco arrobas. Além disso, nos tratamentos de recuperação de pastagem, o guandu proporcionou uma arroba a mais por hectare durante a seca”, completa o pesquisador.
A pesquisa avalia também diferenças entre dois grupos genéticos de animais: Nelore e Angus x Nelore. Com relação à produtividade, o Angus x Nelore tem apresentado melhores resultados até o momento. “Também estamos avaliando a adaptação dos animais ao ambiente e ao sistema de ILP, no que diz respeito a conforto térmico e parasitas”, explica Tiago.
O projeto é financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e tem como parceiros em Iporá a empresa Procria e o produtor José Lopes Coelho, da Fazenda Pé-de-Pato.
Tocantins
Outro experimento do mesmo projeto é realizado no município de Aliança do Tocantins (TO), onde a ILP foi implantada em uma área de produção de soja. Neste caso, sem reduzir a rentabilidade da área, espera-se que a pecuária traga benefícios agronômicos. Isso porque com o pastejo dos animais durante 18 meses, as próprias raízes e folhas, e a deposição de esterco melhoram a qualidade do solo e podem diminuir a incidência de pragas e doenças das culturas anuais a serem plantadas no período chuvoso subsequente.
Dessa maneira, 30 dias antes da colheita da soja, foi feita a sobressemeadura da braquiária para formar pastagem. Passados 60 dias da colheita, os animais entraram na área e pastejaram no período seco. A vantagem da implantação do sistema apareceu no bom ganho de peso desses animais, de 500 gramas por dia, e na produção de palhada para a safra de soja do ano seguinte.
No período das águas, como a prioridade é a produção agrícola, os animais ficam restritos a pequenas áreas, com altas lotações e altas produtividades. Este rebanho volta a ocupar as áreas da agricultura no período seco.
Assim como o experimento de Iporá, lá também está sendo avaliada a produtividade bovina dos mesmos grupos genéticos, Nelore e Nelore x Angus. O pesquisador ressalta que em ambos os experimentos a diferença entre os grupos é significativa. O Angus x Nelore, na média dos dois experimentos, apresenta ganho de peso 40% maior quando comparado ao Nelore.
Ao final do projeto, espera-se que a interação entre agricultura e pecuária não só garanta mais estabilidade econômica ao produtor, que terá maior variedade de produtos para o mercado, como também melhore as condições do chamado agroecossistema. A pesquisa busca justamente encontrar as melhores alternativas para conseguir alta produtividade vegetal e animal, com sustentabilidade ambiental e econômica.
Karen Terossi - Assessoria de Comunicação Social
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