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Pesquisa

Instituto lidera estudo sobre microplásticos na costa brasileira

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Publicado: Quinta, 14 de Março de 2024, 11h10 | Última atualização em Quarta, 27 de Março de 2024, 02h46 | Acessos: 39

Objetivo é promover diagnóstico atual, abrangente e inédito sobre a temática no Brasil. Mais de 20 instituições do país e do exterior estão envolvidas na pesquisa.

O Instituto Federal Goiano (IF Goiano) lidera o maior estudo já realizado no Brasil sobre a poluição por microplásticos nas praias brasileiras. Por meio do projeto MicroMar, pesquisadores de diversas instituições estão realizando um levantamento em larga escala sobre a poluição microplástica em praias ao longo de toda a costa brasileira. O objetivo é promover um diagnóstico atual, abrangente e inédito sobre a temática no Brasil. 

Por ser barato e versátil, desde a década de 1950 o plástico vem sendo utilizado em larga escala por diferentes setores como têxtil, automotivo, de embalagens, eletroeletrônico, agricultura e saúde, entre outros. O material está sempre presente no nosso dia-a-dia, seja nos produtos de higiene que consumimos até no uso doméstico de formas variadas - das sacolinhas de supermercado a tintas e brinquedos.   

“Um dos grandes problemas do plástico é que o usamos uma única vez e descartamos, gerando uma quantidade muito grande de resíduos. Somado a isso, temos o fato de que o Brasil é um dos países que mais produz e menos recicla o material”, explica o professor Guilherme Malafaia, pesquisador do IF Goiano que coordena a pesquisa.   

O destino final desse resíduo, geralmente, é o aterro sanitário, onde permanece por muitos anos, até que seja integralmente decomposto. A decomposição do plástico pode levar até 600 anos, mas antes disso, ele acaba sendo fragmentado em pequenos pedaços que já são capazes de fazer um grande estrago na natureza. 

Os microplásticos são pedaços de plástico de até cinco milímetros criados pela quebra do material por intempéries como radiação solar, chuvas e ação de microorganismos, por exemplo. Pequenos e numerosos, chegam às águas doces e salgadas devido a gestões de resíduos sólidos ineficientes. Ou seja, mesmo que você more longe do mar, é bem provável que o plástico que consome acabe lá, vindo de rios e não das regiões costeiras. 

À vida aquática, a presença dos microplásticos é devastadora. Por confundirem as partículas com alimento, elas acabam indo parar nos peixes e até na água que consumimos, uma vez que os sistemas de tratamento de água não estão preparados para removê-las. “Os microplásticos atrapalham o desenvolvimento, o comportamento, reduz a imunidade e leva até a mutações de animais”, explica Malafaia. 

Execução - O MicroMar foi um dos dez projetos aprovados em chamada do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), de 117 inscritos, voltados ao combate à poluição no mar e ambientes marinhos causada pelo plástico e seus subprodutos. O valor concedido para a execução do projeto foi de R$1.015.000,00, os quais estão sendo utilizados no custeio das expedições de campo, aquisição de reagentes e equipamentos. 

Até o momento, os pesquisadores realizaram a coleta de mais de 5,5 mil amostras de areia e água em 588 praias localizadas em 242 municípios/distritos nos Estados de Amapá, Pará, Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Espírito Santo. Um total de 4.512 km de orla já foi percorrido ao longo de julho e dezembro de 2023. Até abril de 2024 a coleta em todos os estados brasileiros litorâneos já terá sido realizada, abrangendo uma área que vai da praia de Goiabal (localizada no município de Calçoene no Amapá) até a Barra do Chuí no extremo sul do Brasil. 

As amostras serão analisadas no laboratório de Toxicologia Aplicada ao Meio Ambiente do Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí. O diagnóstico dará embasamento para a tomada de decisões locais, regionais e nacional, visando à prevenção de possíveis danos e minimização de gastos futuros nas áreas ambiental e de saúde pública. 

A equipe executora do projeto MicroMar engloba, além de pesquisadores do Instituto Federal Goiano, profissionais vinculados à Universidade Federal de Goiás, Universidade Federal do Pará, Universidade Federal do Ceará, Universidade Federal do Maranhão, Universidade Estadual do Amapá, Universidade Federal de Alagoas, Universidade Federal da Bahia, Universidade de São Paulo, Universidade Federal Fluminense, Universidade Federal de Uberlândia, Universidade Federal do Espírito Santo, Universidade Federal de Santa Catarina e Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Além disso, o projeto conta com a colaboração de pesquisadores do Catalan Institute for Water Research e University of Girona (Espanha), Universidade de Aveiro (Portugal), Jahangirnagar University (Bangladesh), Assiut University (Egito), Universidad Nacional del Sur (Argentina), Begum Rokeya University (Bangladesh), Universiti Teknologi Brunei (Brunei), Periyar University (Índia), University of Virginia (EUA) e Leibniz-Institut für Ostseeforschung Warnemünde (Alemanha).

 

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