Diálogo entre sociedade e ciência é tema de palestra
"O cientista precisa entender a importância da comunicação para traduzir os valores de seu trabalho para a sociedade” - a frase é do jornalista Fernando Barros, em palestra proferida nesta sexta-feira, 23, último dia do Congresso Estadual de Iniciação Científica e Tecnológica do IF Goiano, que acontece em Iporá.
O jornalista fez uma reflexão sobre a necessidade da ciência aprimorar seu diálogo com a sociedade. Segundo ele, a importância da pesquisa científica não é percebida pela sociedade em geral. E acrescentou que a mídia tradicional e os indivíduos empoderados pelas mídias sociais reproduzem discursos cada vez mais distantes do conhecimento científico: “Com os novos meios de comunicação, achamos que haveria um aprimoramento do diálogo entre ciência e sociedade e, ao contrário disso, temos uma pronúncia da leviandade e da superficialidade”, afirmou o jornalista.
Uma das causas disso, de acordo com Fernando, é a própria postura das instituições que produzem pesquisa, que não veem a comunicação como uma atividade estratégica. “Enquanto a sociedade está compartilhando ideias, a ciência insiste em somente narrar o que faz, sem se preocupar com as novas linguagens, formatos, canais de comunicação e, principalmente, valores da sociedade”, criticou.
O jornalista falou ainda da imagem negativa que as atividades agropecuárias possuem no mundo urbano, marcadamente as grandes cidades. Na visão dele, ainda que boa parte das pesquisas na área estejam se orientando pela produção de alimentos mais saudáveis e pela sustentabilidade socioambiental, isso não é comunicado à sociedade. Informações sobre novos processos e produtos na agricultura e na pecuária não são interessantes para a população urbana, a não ser que sejam traduzidos dentro dos valores que a sociedade compreende: “é o que chamamos de produção social de sentido, e que pode ser feito por uma boa comunicação”, explica.
O jornalista é um dos pioneiros na cobertura de temas ambientais na imprensa brasileira, com experiência de 20 anos no jornal O Estado de São Paulo. Atualmente, é diretor executivo do Instituto Fórum do Futuro, que debate o desenvolvimento sustentável no Brasil.
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