Novo coronavírus pode causar danos nas vidas aquática e terrestre
Estudo feito no IF Goiano sugere que vírus possui efeitos tóxicos em animais.
Pesquisa desenvolvida no Instituto Federal Goiano (IF Goiano) - Campus Urutaí, em parceria com outras sete instituições de ensino, demonstrou que uma proteína existente no novo coronavírus causou danos fisiológicos em girinos Physalaemus cuvieri. Essa espécie pertence ao grupo dos anfíbios e pode ser encontrada em vários países da América do Sul, como Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela.
O estudo mostrou que o vírus possui efeitos tóxicos nesses animais. Logo, constitui um exemplo de como o Sars-Covid-2 pode afetar as vidas aquática e silvestre, a partir das fezes e urinas excretadas por pacientes contaminados. Portanto, esgotos domésticos e hospitalares podem ser uma fonte de contaminação.
Até onde se sabe, a forma clássica de transmissão do novo coronavírus é pelo ar e via contato com pessoas infectadas. “No entanto, é importante olharmos para os impactos ambientais desta pandemia, que pode ir muito além de mortes de milhões de pessoas, desestabilização econômica global e agravamento dos problemas sociais”, ressalta um dos responsáveis pela pesquisa, Guilherme Malafaia.
Os girinos foram expostos a pequenos pedaços de uma proteína chamada Spike, cujo formato de coroa deu nome ao grupo novo coronavírus. É ela que o vírus utiliza para penetrar nas células humanas. Em laboratório, os pesquisadores sintetizaram fragmentos da Spike e os adicionaram à água onde os girinos estavam. A exposição por apenas 24 horas já foi suficiente para causar danos diversos nas células dos animais.
Os girinos expostos aumentaram a produção de radicais livres e o sistema antioxidante deles não foi suficiente para combatê-los. “O aumento dos radicais livres pode levar a danos variados, inclusive no DNA”, explica Malafaia. Esse tipo de alteração já havia sido observada em humanos, mas nunca relatada em animais silvestres. Além disso, a exposição afetou a atividade de uma enzima importante para o funcionamento do sistema nervoso dos girinos.
Pelo ineditismo, o estudo do IF Goiano foi submetido a uma renomada revista internacional. Também participam dele pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Universidade Federal do Ceará (UFC), da Universidade do Brasil, Universidade Federal de Alfenas (Unifal), Universidade Estadual Paulista (Unesp), da Escola de Medicina da Harvard, Estados Unidos, e Nord University, da Noruega. O estudo foi financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e com recursos próprios do IF Goiano.
Acesse preprint (publicação prévia) do estudo
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