Pesquisadora do IF Goiano é premiada em programa da Unesco
Projeto, que é desenvolvido no Campus Rio Verde, foi premiado na edição de 2020 do Programa Para Mulheres na Ciência, que visa transformar o cenário científico por meio do empoderamento feminino.
A pesquisadora Fernanda Farnese, do Instituto Federal Goiano (IF Goiano) - Campus Rio Verde foi premiada na edição de 2020 do Programa Para Mulheres na Ciência, promovido pela A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Academia Brasileira de Ciências (ABC) e L'oreal Brasil. O programa tem como objetivo transformar o cenário científico por meio do empoderamento feminino na área, tendo premiado mais de 100 pesquisadoras e distribuindo mais de R$ 4,5 milhões em bolsas-auxílio.
Fernanda foi premiada na categoria Ciências da Vida, por desenvolver um método para preservar plantações de soja em períodos inesperados de seca. “Previsões apontam para uma redução de até 30% das chuvas no Brasil até o fim do século”, destaca a pesquisadora. Ao perceber os impactos dos veranicos sobre a soja, Fernanda teve a ideia de aspergir um líquido com substâncias produtoras do gás sobre as folhas da planta. “O óxido nítrico altera o metabolismo da planta, intensificando mecanismos de defesa e, dessa forma, aumentando a tolerância à seca. Constatamos um crescimento de 60% na produtividade da soja”, conta. A UNESCO dará um treinamento para cada uma das sete cientistas, com duração de dois dias, incluindo webinars sobre gênero, carreira, media training e outros assuntos relacionados às mulheres na ciência.
A professora do IF Goiano conta que a pesquisa, que está sendo desenvolvida no Campus Rio Verde, se iniciou como trabalho de Iniciação Científica de alguns estudantes do laboratório de Ecotoxicologia e Metabolismo Vegetal. "Em 2019, publicamos os primeiros resultados na revista Physiologia Plantarum, que possui fator de impacto 4.1. Atualmente o estudante de doutorado Rauander Alves dá continuidade a essa pesquisa na sua tese de doutorado, também no IF Goiano", comenta.
A pesquisadora esclarece que a seca já é um problema frequentemente enfrentado pelos produtores de soja. "Na safra 2018/19, por exemplo, a produção agrícola no estado de Goiás foi fortemente afetada pela ocorrência de dois veranicos, o que diminuiu em aproximadamente 2 milhões de toneladas a produção da soja", diz. Fernanda alerta que a tendência é que esse cenário piore nos próximos anos, já que os modelos de previsão climática estimam uma redução de até 30% na precipitação antes do fim do século. "Buscar alternativas para aumentar a produtividade das culturas, sem aumentar a área de cultivo, contribui para uma agricultura mais sustentável e mais independente das variáveis climáticas, com ganhos socioeconômicos e ambientais", explica.
Mulheres na ciência - O programa, que está completando 15 anos no Brasil e 22 anos internacionalmente, tem como motivação a transformação do ambiente científico, favorecendo a equidade de gêneros no cenário brasileiro e global. Todo ano, na edição local, são escolhidas sete jovens pesquisadoras de diversas áreas de atuação que são contempladas com uma bolsa-auxílio para ser investida em sua pesquisa.
Fernanda ressalta que iniciativas desse tipo são essenciais para o campo da pesquisa científica, onde a mulher precisa lutar para ser reconhecida. "Atualmente, as mulheres representam 53% dos bolsistas de mestrado e doutorado no país. Apesar disso, o número de mulheres na ciência diminui à medida que se avança na carreira científica", comenta. Ela diz que, ainda que ainda existam estas barreiras, é necessário que as mulheres ocupem seus lugares de direito na pesquisa. "Confie em você! O caminho para fazer ciência no Brasil não é fácil e mulheres enfrentam desafios adicionais. Mas lembre-se sempre que lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive dentro do laboratório, fazendo pesquisa!", afirma.
A pesquisadora explica que estudos recentes demonstraram que as mulheres ainda são minoria em cargos de liderança, as mulheres recebem menos convites para participar de redes de pesquisa e as mulheres recebem menos investimento para suas pesquisas científicas. "Por exemplo, apesar de mais de 70% dos materiais científicos produzidos no Brasil serem de autoria feminina, apenas 23% dos bolsistas de produtividade na categoria mais alta do CNPq são mulheres (bolsista PQ 1A). Justamente por isso, prêmios como esse, que reconhecem a contribuição feminina para o desenvolvimento científico do país, são importantíssimos não só por impulsionarem a pesquisa, mas também por trazer visibilidade para o trabalho das mulheres e por colocar em debate o papel feminino dentro da ciência", diz.
Confira as outras vencedoras do prêmio
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