"Docência se aprende a partir da vivência como aluno"
É o que defende João Formosinho, catedrático aposentado da Universidade do Minho (Portugal). Docente critica fragmentação curricular na formação de professores.
A pesquisa na formação de professores e no Ensino das diversas áreas do conhecimento foi destaque no primeiro e no segundo dias do IV Encontro de Licenciaturas e Pesquisa em Educação (Elped) do Instituto Federal Goiano. Na quarta-feira, 9, quatro mesas marcaram a discussão desse assunto, seja no campo das Ciências Humanas, das Ciências da Natureza e Matemática e da Linguagem e Literatura. Na quinta-feira, 10, o destaque foi para a pesquisa do Ensino na Educação Infantil e anos iniciais.
Ao discutir a formação de professores, João Formosinho, referência internacional no assunto, catedrático aposentado da Universidade do Minho – Portugal – defendeu que a primeira forma de aprender a ser professor é a vivência como aluno. “É uma profissão que se aprende desde que se entra na escola, a partir da observação dos próprios professores”, explicou.
Em relação à formação universitária, que teve início a partir da década de 1970 – antes disso, a formação se dava em escolas dos magistérios de ensino médio -, Formosinho criticou a fragmentação curricular. Para o profissional, ela atrapalha especialmente a formação de professores que vão atuar na educação infantil.
O docente justificou que, por não haver uma prática pedagógica generalística na academia, o profissional que chega na escola para ensinar as crianças se depara com uma realidade bem distante da que aprendeu. Ali, ele tem que ensinar todas as disciplinas a uma mesma turma. Além disso, a realidade acadêmica acaba ficando, também, descolada da realidade social.
Para Formosinho, a lógica da especialização deveria ser baseada em demandas profissionais e não em territórios curriculares. Nesse ponto, lembra da importância do estágio, que é o que vai aproximar o futuro professor do ofício, vivenciando pedagogias participativas. E para iniciar os alunos na investigação na prática pedagógica, Formosinho conclui ser indispensável a participação em projetos acadêmicos.
Citou como exemplo pesquisa em que foram investigadas crianças de cerca de 5 anos de idade, questionadas sobre as expectativas que tinham para entrar no ensino fundamental. Foi solicitada, na pesquisa, que elas representassem como seria a nova escola. Segundo Formosinho, quase sempre os desenhos continham salas de aula com filas, alunos sentados, atentos, calados e cheia de regras. “São percepções que nos permitem refletir e podem ser úteis para a formação e a prática docente”, conclui.
Programação – Além das mesas de discussões, o Elped tem na programação o lançamento de livros, apresentações culturais e de trabalhos científicos, minicursos e oficinas. O evento se encerra na sexta, 11, com o prêmio Diamantes da Educação, que reconhecerá iniciativas de ensino inovadoras nos tempos de pandemia.
Diretoria de Comunicação Social
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