Matemática atrativa e engajada
Professor do Campus Avançado Ipameri desenvolve há dez anos projeto que une a matemática com a robótica para ajudar pacientes com Parkinson. Pela iniciativa, já recebeu prêmios nacionais e internacionais.
O que uma roda de bicicleta, pallets, parafusos e placas eletrônicas têm a ver com Matemática? O que a Matemática tem a ver com o social? Pois o professor do Campus Avançado Ipameri Greiton Toledo Azevedo, 33, uniu tudo isso e provou que é possível tornar a disciplina atrativa e, ao mesmo tempo, engajada. Por meio do projeto Mattics, o docente desenvolve há dez anos, em conjunto com os estudantes, jogos que envolvem álgebra, trigonometria, geometria, algoritmo e lógica matemática e computacional para auxiliar pacientes com Parkinson nas sessões de fisioterapia.
Pela potência e impacto do Mattics, Greiton já recebeu inúmeros reconhecimentos nacionais e internacionais. As indicações mais recentes foram aos prêmios Capes e Unesp, cujos resultados devem ser divulgados em breve. Contudo, em 2021, o professor foi o único finalista brasileiro do Nobel de Educação, organizado pelo Global Teacher Prize e Varkey Foundation, dentre milhares de submissões de 121 países. Greiton também recebeu o Prêmio Nacional de Propriedade Intelectual pelo INPI/Ministério da Economia, em duas categorias: Tecnologia e Geral (Educador de Propriedade Intelectual do Ano); Creative Learning (MIT); Educador Nota 10 pela Fundação Victor Civita e Rede Globo; Pesquisador Inovador do estado de Goiás (Fapeg); Troféu Paulo Freire (Estado de Goiás); Menção Honrosa Criativos da Escola (Design For Change), entre outros.
O objetivo central do Mattics é o de contribuir com o processo de formação em matemática de estudantes do Ensino Médio de tal modo que sejam sujeitos capazes de interpretar e visualizar situações reais, tomar decisões conscientes, lidar com imprevistos, desenvolver invenções tecnológicas, bem como propor possíveis soluções para problemas - como a doença de Parkinson. Com base na interação com os pacientes e também com os profissionais de saúde do hospital público onde o projeto é aplicado, em Anápolis, os alunos criaram dezenas de jogos com dispositivos robóticos conectados a eles para apoiar os movimentos prejudicados – já são mais de 70 invenções inéditas documentadas. “Em vez da repulsa e decoreba, os alunos são instigados a se colocarem como cientistas, preparando-se para uma sociedade futura e intelectualmente humana e científica”, justifica Greiton.
Na prática, no lugar de explorar o esquema definição-exemplo-exercícios-respostas, a proposta é valorizar a compreensão-invenção-resultados de Matemática, apoiando a autonomia dos estudantes e integrando a Computação à aprendizagem e ao desenvolvimento de saberes. Essa inovação na forma de ensinar mostrou que a matemática se torna mais atrativa para os estudantes envolvidos. A evasão foi reduzida de 25 para 0,8% em 2014/2015. Além disso, 85% foram aprovados em universidades e mais de 50 alcançaram, entre 2016 e 2019, alta pontuação em olimpíadas de matemática e torneios de robótica.
Para Greiton, disseminar experiências exitosas como o Mattics pode contribuir para incentivar as novas gerações a se tornarem professores e mudar o cenário do ensino de Matemática no país. O Brasil, contraditoriamente, se destaca em nível mundial pela pesquisa em Matemática. Ao mesmo tempo, amarga ínfimos resultados internacionais na mesma área de conhecimento da Educação Básica. Na opinião do professor, esse contexto atravessa transversalmente a formação docente. “A valorização da profissão precisa sair da gaveta e da retórica. É tempo de unirmos nossas vozes e projetos, mesmo diante de tantas negligências, obscurantismos e cortes injustificáveis à educação e à ciência do nosso país como nos últimos anos”, defende.
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