Luz na escuridão

Gabriel viajou de Goiânia até Comunidade Tapuia para receber prêmio

Muito já foi dito a respeito do poder de cura da escrita, sobretudo da poesia. De acordo com o site Share América, Walt Whitman, poeta americano, frequentemente se sentava com pacientes durante a Guerra Civil em hospitais de Whashington. Ao mesmo veículo, o médico Daniel Becker, professor da Faculdade de Medicina da Virgínia, revelou que se recolhe em seu consultório para escrever poesias antes de tratar seus pacientes. A médica paliativista e escritora brasileira Ana Cláudia Quintana Arantes publicou seu primeiro livro utilizando como base de pesquisa o impacto da poesia na esperança de pessoas gravemente enfermas.

Pois foi a poesia que proporcionou ao engenheiro civil e doutorando em Geociências Gabriel de Sousa Meira, 28, ressignificar todo o sofrimento pelo qual passou nos períodos mais difíceis de uma depressão. O profissional ficou em terceiro lugar no X Concurso de Contos e III Concurso de Poemas do IF Goiano Farol Literário e terá seu poema, “Caminho de Escuridão”, publicado em breve no formato de e-book pela Instituição.

“Eu sentia uma tristeza muito grande, o mundo tinha perdido o brilho, principalmente no final do meu período de mestrado. Por passar muito tempo chorando não conseguia expressar o que estava sentindo”, lembra Gabriel. “Até que um dia eu olhei um papel na minha frente e comecei a escrever”, complementa. Aos poucos, ele foi percebendo que a escrita amenizava a agonia. “Levava os poemas para o psicólogo, que me ajudava a entender o que eu estava sentindo”, relata. “Caminho de Escuridão” nasceu durante esse processo.

Além do psicólogo, Gabriel teve o auxílio de psiquiatra e apoio incondicional da família para seguir escrevendo e enfrentar a doença. ‘Puxei esse lado do meu pai, que escrevia poemas de amor para minha mãe”, revela. Mas os poemas que o engenheiro escreveu na fase de maior sofrimento, e que remetia a memórias tristes, ele preferia esquecer no fundo de uma gaveta. Até que, um dia, a namorada – hoje noiva -, o incentivou a transformar esse período de dor em superação. 

Dali em diante, Gabriel começou a buscar na internet concursos de poesia abertos, até se deparar com o Farol Literário. “Não tinha a pretensão de ganhar, mas quando saiu o resultado foi uma vitória pessoal muito grande. Eu olho para o poema hoje e já não sofro, então sou muito grato ao IF Goiano por essa oportunidade”, comemora.

E o poeta não quer mais parar. “Quero publicar um livro com os outros poemas de antes, durante a fase mais difícil da minha vida e de agora para, quem sabe, ajudar outras pessoas a se expressarem”, planeja. Obviamente, a expectativa com o e-book da Instituição – que começou a ser editado nesta semana -, está nas alturas. “É um começo muito especial, uma porta que se abre na minha vida”, festeja.

Flivasp - Quando soube que estava entre os vencedores do concurso, Gabriel recebeu uma ligação do IF Goiano e decidiu, como parte da jornada de ressignificação, dirigir de Goiânia, onde mora, até a Comunidade Tapuia do Carretão, local de realização da III Feira Literária do Vale de São Patrício (Flivasp) de 2023, ocorrida de 24 a 26 de agosto. A premiação do Farol ocorreu na cerimônia de abertura do evento. “Pela primeira vez visitei uma aldeia indígena e foi muito inspirador”, conta o escritor.

O aldeamento fica entre os municípios de Nova América e Rubiataba, que integra o Vale de São Patrício. De acordo com o coordenador geral do evento, Rafael Alves de Oliveira, a feira seguiu com a preocupação de conferir visibilidade e protagonismo às narrativas originárias e de cunho literário da região. Além do IF Goiano, a III Flivasp teve apoio da Prefeitura Municipal de Nova América e da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC). A edição deste ano homenageou a pesquisadora, poetisa e escritora indígena goiana Eunista Puiha.

Outras edições – O concurso de contos e poemas do IF Goiano integra a Flivasp desde 2021 e premia não só a comunidade externa como também estudantes da Instituição. Gilherme da Silva Graf Gout, 23, - hoje egresso-, venceu edições anteriores da competição, pelas quais teve a oportunidade de visitar a Feira Literária Internacional em Paraty (Rio de Janeiro), além de publicar seu conto pelo IF Goiano. “O Farol trouxe benefícios em todos os âmbitos possíveis. Em casa ganhei mais confiança para ler, escrever e interpretar. Tive mais vínculo e proximidade com a equipe docente, inclusive fui chamado para participar do Consup [Conselho Superior do IF Goiano], o que foi muito importante para mim”, relembra.

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Diretoria de Comunicação Social

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