Essa pagina depende do javascript para abrir, favor habilitar o javascript do seu browser! Ir direto para menu de acessibilidade.

Opções de acessibilidade

GTranslate

    pt    en    fr    es
Página inicial > Últimas Notícias > Planos fora da gaveta
Início do conteúdo da página
Pesquisador Destaque

Planos fora da gaveta

0
0
0
s2sdefault
Publicado: Quinta, 30 de Novembro de 2023, 11h39 | Última atualização em Quinta, 07 de Dezembro de 2023, 11h28

Conheça a trajetória de Braully Rocha da Silva, Pesquisador Destaque do mês de dezembro.

Os incentivos encontrados no IF Goiano levou o pesquisador a retomar a carreira acadêmica que almejava. Foto: acervo pessoal
Os incentivos encontrados no IF Goiano levou o pesquisador a retomar a carreira acadêmica que almejava. Foto: acervo pessoal

Aos 37 anos, o Analista de Tecnologia da Informação (TI) Braully Rocha da Silva vem explorando e trilhando um caminho um tanto inusitado para quem é da área: a pesquisa. Na contramão dos que fogem da complexidade dos cálculos, teorias e do baixo retorno financeiro a curto prazo, ele segue, no próprio tempo, a vocação acadêmica. E colhe hoje frutos dessa jornada: o profissional acaba de chegar da Turquia onde apresentou trabalho selecionado para um evento Qualis A2*, em conferência na qual era o único pesquisador da América Latina. Como se não bastasse, enquanto Braully desbravava o país transcontinental, seu coorientador se desdobrava no Brasil para apresentar outro dos seus papers selecionados neste semestre, um em evento A3 e outro em A4.

Embora essa intensidade para encaixar a academia no dia a dia do analista de TI sempre tenha ocorrido, somente na última década ele conseguiu consolidar sua carreira nessa área. Aluno de escolas públicas desde a infância em Formoso-Goiás, Braully mudou-se para Goiânia aos 13 anos com a família cujo pai buscava um emprego melhori. Apesar de um dos primeiros alunos da sala – graças ao incentivo da mãe, professora – por pouco deixou de ser admitido no então Centro Federal de Educação Profissional e Tecnológica de Goiânia – hoje Instituto Federal de Goiás (IFG). “A Instituição já tinha política de cotas para escolas públicas, passei na posição 98 das 100 vagas disponíveis”, relembra.

Braully considera que o Ensino Médio cursado em uma instituição da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica foi um divisor de águas na sua trajetória. “Ali tive uma base muito importante, ensino de qualidade, professores referência, contato com diversidade e alunos do exterior, aulas de teatro, dança, disciplinas optativas de tecnologia, enfim, um universo totalmente novo para quem chegou do interior”, enumera. É claro que o gosto pelos estudos não poderia resultar em nada menos do que aprovação no vestibular – em 2003, Braully foi admitido no curso de Ciência da Computação da Universidade Federal de Goiás (UFG), sem cotas à época. “Éramos só três alunos de escolas públicas, eu e outros dois colegas do IFG”, revela.

Para o analista, a base trazida pela Rede Federal foi fundamental para o bom desempenho no curso superior, pois já deu a ele noções sobre metodologia científica, artigos, periódicos, como se faz uma demonstração – o “empurrão” necessário para iniciar a pesquisa na área de Exatas. No entanto, precisando de renda, no meio do curso Braully passou em um concurso para u órgão estadual e se viu em um verdadeiro malabarismo para conciliar uma faculdade integral com uma ocupação de 40 horas, com ponto batido no relógio. “Tive que abandonar algumas matérias, pagar horas no trabalho nos finais de semana. Acabei atrasando minha graduação em seis meses”, lamenta.

Mesmo com as dificuldades, o bom desempenho acadêmico levou o estudante a ser convidado a cursar um mestrado na área. Contudo, a falta de incentivo por parte dos locais onde trabalhou depois o levou a abandonar o curso e deixar o sonho acadêmico na gaveta, que voltou a ser aberta somente em 2016, quando já trabalhava na Reitoria do Instituto Federal Goiano (IF Goiano). Ali, percebeu que a Instituição oferecia diversos tipos de apoio para a qualificação dos servidores e, daí pra frente, não parou mais: fez mestrado em Ciência da Computação na UFG, é doutorando na mesma área e universidade e já pensa num pós-doc.

Para conciliar carreira acadêmica e profissional, desta vez, Braully foi atrás de benefícios do Programa de Incentivo à Qualificação (PIQ) do IF Goiano, que proporciona bolsa e afastamento, além de Ação de Desenvolvimento em Serviço (ADS), com 50% de redução de carga horária, e entrou, ainda, para o Programa de Gestão e Desempenho na modalidade semipresencial. “Sem essa ajuda eu não conseguiria”, conta o doutorando, que na Reitoria trabalhou por três anos na Educação a Distância com o suporte de cursos e, nos últimos seis anos, tem atuado no desenvolvimento de sistemas. 

Além de aprender a conciliar trabalho e academia, Braully precisou, nos últimos anos, considerar com atenção sua vida pessoal. Ele é casado há quatro anos com uma servidora do IF Goiano e pai de duas meninas, Liz , de 4 anos, e Melissa, de apenas 2. “Só é possível porque temos uma vasta rede de apoio, pela manhã minha cunhada nos ajuda, à tarde eu e minha esposa dividimos as tarefas em meio às atividades acadêmicas, home office e crianças integralmente em casa. Mas contamos com o apoio de diversas outras pessoas da família”, reconhece. Ainda assim, trabalhar na madrugada, organizar a rotina de sono e, por vezes, estar com a caçula no colo durante as atividades tornou-se comum para o pesquisador. Braully lembra, ainda, que ter uma mulher como orientadora foi fundamental, com sensibilidade e paciência para as necessidades da família

Apesar de todos os sacrifícios, Braully recomenda fortemente a pesquisa a graduandos e profissionais da computação. “A carreira acadêmica te dá um braço muito forte para depois você voltar ao meio profissional com um diferencial”, aconselha. O profissional relata que, pela complexidade da área e o aquecimento do mercado de tecnologia no setor privado – em especial em áreas novas como inteligência artificial e informática aplicada -, sobram vagas nas pós-graduações da área. Talvez por esse motivo, a pesquisa no Brasil ainda esteja muito aquém do seu potencial – há muito a ser explorado por quem tem desejo e vocação.

*Braully explica que, na área da Computação, eventos também têm Qualis.

registrado em:
Fim do conteúdo da página