Projeto Tessituras: ressocialização através da leitura
Iniciativa oferece oficinas para a população carcerária visando transformação social por meio da leitura e prevenção da reincidência criminal.
Com o objetivo de extrapolar as fronteiras do IF Goiano e cumprir o papel social da instituição, promovendo desenvolvimento intelectual e humanização por meio da leitura é que foi pensado o Projeto Tessituras - tecendo a vida, narrativas e livros: a materialização da leitura e do corpo do cárcere, idealizado no Campus Urutaí pelos professores Leonice de Andrade e Fernando Rocha e a pedagoga Mônica Canuto. A proposta inicial era de levar oficinas de leitura para a população carcerária a fim de resgatar a dimensão do ser humano em todos os âmbitos, além de dar o suporte para uma futura ressocialização efetiva, objetivando prevenir o crime e orientando o retorno à convivência em sociedade.
A primeira experiência foi executada na Unidade Prisional de Pires do Rio, cidade próxima ao Campus Urutaí, com 20 reeducandos. Segundo a professora Leonice, foram selecionados os presos que fazem parte do chamado "módulo respeito", que são aqueles que normalmente foram condenados a penas de menor tempo, ou aqueles que trabalham no presídio e/ou já fazem parte de outros projetos, e os que, em breve, estarão de volta ao convívio social.
Leonice explica que são escolhidos livros e textos dos clássicos da literatura que levantam reflexões sobre trabalho, honestidade, vida em sociedade, entre outros. Os professores que fazem parte do projeto de Extensão realizam a leitura com os reeducandos, analisam o material apresentado e também ajudam na produção de materiais. "A impressão que tenho é que eles estão, a medida que leem, se envolvendo com a leitura e a interpretação, com a escrita e com as reflexões trazidas pelos textos propostos. Nosso intuito é redimensionar nossas práticas pedagógicas visando transformação social", destaca a professora.
Para H.S., reeducando da Unidade Prisional de Pires do Rio e participante do projeto, essas atividades são sinônimo de esperança. Ele conta que nunca teve ajuda de ninguém e vem levando, há anos, uma vida marcada pela invisibilidade. Ele agradece o trabalho dos professores do IF Goiano que conseguem despertar nele coisas boas e possibilidade de enxergar um futuro melhor lá na frente.
O projeto tem a parceria do Ministério Público e o promotor de Justiça Fabrício Roriz Hipólito, titular da 2ª Promotoria de Pires do Rio, acompanha o andamento das atividades. Leonice destaca também o apoio do policial penal Jerry William, diretor do presídio de Pires do Rio e sua equipe. Segundo ele, essa atividade tem rendido resultados na geração de oportunidade aos reeducandos, de forma a oferecer condições além dos limites do cárcere, vislumbrando uma ressocialização por meio do ensino e da aproximação entre o sistema de Justiça e a sociedade civil.
O presídio feminino de Orizona também irá receber o Projeto Tessituras. “A previsão é que iniciemos em Orizona em maio deste ano e queremos realizar, também, a segunda etapa do projeto em Pires do Rio. Inclusive, estamos negociando com o Ministério Público recursos para a compra de mais livros. Importante também lembrar que temos alunos bolsistas que são monitores do projeto de Extensão. Percebemos que o projeto é importante e impacta vidas, não só dos reeducandos, como também de todos os envolvidos no processo", finaliza Leonice.
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