Trajetória de Cora Coralina é destaque do segundo dia da Feira
"Mulher de coragem e empreendedora, onde passou deixou seu nome escrito e é um exemplo de quem lutou e conquistou seus espaços fazendo as coisas com leveza”. Neto da poetisa fala sobre a vida e obras da escritora homenageada do evento.
“Feliz é aquele que pode ouvir e falar sobre Cora com outros ouvidos, por um outro olhar”. Foi assim que Rúbio Tahan, neto da poetisa, falou sobre a poetisa para além do seu talento com as palavras, apresentando ao público a mulher forte, determinada, resiliente, corajosa, empreendedora e vó, que foi Cora Coralina. A palestra foi realizada na manhã da quarta-feira, 2, durante a programação da Flig.
Filho da filha mais nova de Cora Coralina, Rúbio, que é engenheiro e empresário, se declara um estudioso da vida da escritora. “Conheci Cora Coralina nos meus 35 anos, antes era apenas a minha vó”, conta. Entre relatos pessoais e dados históricos, o palestrante trouxe para o evento a história da poetisa desde sua adolescência, quando começou a divulgar seus primeiros poemas, até o seu reconhecimento e final de vida.
De acordo com Rúbio, pode-se dizer que a trajetória literária de Cora começou aos 13 anos de idade, quando a escritora, sem se identificar, começou a ter seus poemas declamados por outras pessoas nos chamados gabinetes literários da época. Aos 16 ela mesma passou a recitá-los, mas se identificando como Cora para que não fosse reconhecida, pois segundo o palestrante, a poetisa era muito tímida.
Aos 20 anos, Cora casou, engravidou e se mudou com o marido para São Paulo. E esse foi o ponto inicial da jornada que fez da poetisa a mulher referência que se tornou para além dos poemas. Cora morou também em Jaboticabal, Penápolis e Andradina. Para garantir sua renda, fez e vendeu mudas de rosas e outras plantas, abriu restaurante, lojas, pensão, comprou e cuidou de fazendas, trabalhou como doceira. Participou da Revolução Constitucionalista de 1932 como enfermeira e costurando uniformes. Mas, nunca deixou de escrever. “Ou seja, ela não era de parar”, reforça Rúbio.
Aos 33 anos, Cora Coralina retornou para Goiás e enfrentou os preconceitos de uma sociedade aristocrata, que segundo o palestrante, não legitimava seu trabalho literário. De acordo com Rúbio, foi só quando Carlos Drummond de Andrade citou a poetisa como referência mais importante do que o governador do estado, dando-lhe mais relevância do que a outros homens letrados da época, que Cora Coralina começou de fato a ser reconhecida e premiada. A partir daí a escritora foi chamada para participar de programas de TV, entrevistas e ser procurada pela mídia.
Atualmente toda a obra de Cora Coralina está sendo cuidada por sua filha, Vicência, que é mãe de Rúbio. Os dois estão trabalhando ainda no acervo inédito da poetisa que foi escrito em cadernos, papeis deixados dentro de livros e que foram encontrados por familiares nos itens pessoais da escritora. De acordo com o palestrante, a partir desse material está prevista a publicação de seis novos livros, cujo trabalho já está sendo realizado junto a uma editora. "Cora foi mulher de coragem e empreendedora, onde passou deixou seu nome escrito e é um exemplo de quem lutou e conquistou seus espaços fazendo as coisas com leveza, apesar da tristeza inicial da sua vida", resumiu.
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