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Integra IF Goiano

Curricularização da extensão é tema de mesa-redonda

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Publicado: Quarta, 02 de Outubro de 2019, 18h27 | Última atualização em Quinta, 30 de Janeiro de 2020, 13h33

Evento de ensino, pesquisa e extensão trouxe na terça-feira, 2, discussão sobre efetiva indissociabilidade dos eixos, a partir do ponto de vista da extensão.

Na primeira mesa-redonda do Integra IF Goiano o assunto discutido foi a curricularização da extensão. O tema está em pauta desde o final de 2018, quando o Conselho Nacional de Educação estabeleceu que ações de extensão devem compor no mínimo 10% da carga horária dos cursos superiores. Para tanto, a mesa-redonda trouxe profissionais que têm em seus históricos profissionais bastante familiaridade com o tema, vindos de três diferentes estados brasileiros. Como mediadora, a convidada foi a servidora Geísa Ribeiro Boaventura, do próprio Instituto Federal Goiano, que atua como diretora de Extensão na Instituição.

O início da mesa se deu com o professor André Possa, docente no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), ocupando atualmente a cadeira de pró-reitor de Extensão e Relações Externas da instituição. Ao se apresentar, o professor fez uma dinâmica com a plateia, cujo resultado foi demonstrar que o número de pessoas que atuam na extensão é drasticamente menor que aquele da pesquisa e, mais ainda, do ensino. E sua fala teve especial apelo para trazer ao público a importância desse eixo.

A popularização da extensão traz realidade para o processo formativo. “Ela não é o único elemento que a promove, considerando as três dimensões (ensino, pesquisa e extensão). Mas seu potencial para transformar a formação de vocês [estudantes] em um mecanismo de estado mais potente para o desenvolvimento nacional é marcante", afirma Possa. O pró-reitor cita resultados relevantes naqueles que se inserem na extensão, entre eles a melhoria das condições de empregabilidade, o desenvolvimento de senso crítico e da empatia social.

Segundo ele, para traçar as estratégias para promoção de ações de extensão e sua consequente curricularização é preciso partir do perfil do egresso. “Quanto mais clareza houver do perfil de profissional que será formado, melhores caminhos vocês têm para construir a curricularização da extensão”, orienta. O professor entende que a partir do perfil de egresso é possível estabelecer o que chamou de “territórios, eixos temáticos de relacionamento” que poderão dar início aos programas e projetos permanentes de extensão.

Sobre como fazer, não há uma receita estabelecida. “O importante é compreender cada uma das etapas não pular etapas”, afirma, ao comentar que o momento é propício para uma mudança real de paradigma na educação. “Dizemos que somos indissociáveis, que somos interdisciplinares, que nossa extensão é transformadora, mas efetivamente isso está em uma seção do currículo, e a prática nem sempre representa isso”, adverte.

Convidada do Rio de Janeiro, a professora Rogéria de Ipanema foi a segunda a se apresentar. Ela é professora-associada do Departamento de História e Teoria da Arte e professora permanente do Programa de Pós-graduação em Artes Visuais da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Ipanema pontuou logo no início de sua fala sobre o horizonte interdisciplinar promovido pela extensão, quando os estudantes podem se permitir aderir a um projeto ou programa completamente diferente de sua área de curso. “A extensão promove circularidade, que é de uma vitalidade acadêmica pedagógica que nos atualiza em sala de aula, e isso é bastante percebido na UFRJ”.

A docente afirma que perceber o estímulo da prática extensionista na formação dos estudantes foi um dos motores para que a instituição aderisse à prática há cerca de 40 anos. “Desde os anos 80 fazemos extensão, sendo que em 1985 começa-se a pensar em sua institucionalização, primeiro como superintendência e depois como pró-reitoria. E [a partir daí fez-se] todo o movimento para buscar aqueles que falavam e faziam extensão mas ainda não estavam registrados”, conta Ipanema.

Atualmente, a UFRJ possui cerca de 1,8 mil ações de extensão, que são disponibilizadas semestralmente para seleção pelos estudantes, via sistema informatizado. Os números mostram a pluralidade de opções que tem os estudantes para ampliar e enriquecer seu itinerário formativo. Naturalmente, há desafios, e a superação se dá na coletividade. “Somos 75 unidades, com 208 currículos, e destes hoje nos encontramos com os NDEs, com os olhares interiores do curso, seus partícipes, para pensarmos juntos”, explica.

Em sua defesa do eixo, Ipanema argumenta que a extensão contribui para uma formação mais crítica, reflexiva, democrática e da formação cidadã. Nas análises feitas pela UFRJ dos reflexos da inserção dos estudantes em programas de extensão estão, entre outros, a redução da evasão e o que a professora denominou “realização da possibilidade de transformação da realidade”.

Pensar a curricularização da extensão, ensina Ipanema, exige desprendimento, pois ela não deve ser encarada como uma ampliação de carga horária. “A extensão é a parte mais indisciplinada, ela não quer ser disciplinada. Ela precisa ter seu estatuto para ter caráter avaliativo, critérios para ser formativa de fato, e ela é. Mas tem um formato bem diferente do que é disciplina”, conclui.

 


(Esq. para dir.) Geísa Ribeiro Boaventura, Rogéria de Ipanema, André Dala Possa e Sidney Cruz Sobrinho


A última contribuição da mesa-redonda foi dada pelo professor Sidinei Cruz Sobrinho, do Instituto Federal Sul-riograndense. Sobrinho acumula em seu histórico profissional atuação como Pró-Reitor de Ensino no Instituto Federal Farroupilha e como Presidente do Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão desse mesmo Instituto Federal.

O início de sua fala foi uma provocação. “Qualquer educador, e por isso entenda-se professor ou técnico, de uma instituição pública de ensino que vê problema em curricularizar a extensão tem duas alternativas: ou ainda não entende o que é a educação ou o que ele entende por educação não é compatível com o espaço em que ele trabalha”, problematiza.

Sobrinho seguiu indagando à plateia sobre qual seria a função pública da educação no Brasil, e logo em seguida, deu pistas. “A resposta vai totalmente ao encontro do que os colegas aqui falaram”, e seguiu na questão da compreensão compartimentada dos eixos. “Se eu compreendo ensino com a função específica de reproduzir conhecimentos e preparar para o mercado de trabalho, eu desassocio ensino, pesquisa e extensão”, exemplificou, trazendo a problematização também para a extensão, comumente vista como assistencialista ou mera devolutiva à sociedade e, ainda, a pesquisa, encarada como desenvolvimento de produtos e tecnologia.

Partindo do fato de que a própria Constituição Federal de 1988 já traz o princípio da indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, Sobrinho argumenta que a curricularização da extensão já está dada por si. A questão é traçar as formas de a promover, levando em consideração os objetivos e finalidades das próprias instituições. Para tanto, o professor elencou algumas dificuldades e possíveis caminhos.

Chamou atenção o primeiro item do quadro de dificuldades, que estabelece “uma contradição performativa”, explica Sobrinho. Isto é: se houvesse real indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, tal como é pregado e determinado por lei, a extensão já estaria curricularizada. Para tanto, ele acredita ser preciso que as instituições tenham, antes de tudo, clareza de suas identidades, a fim de que o processo seja levado a cabo. E mais: é preciso, para além de integração curricular, a efetiva integração administrativa, que envolva todos os servidores naquele objetivo.

Entre as direções que podem ser adotadas, Sobrinho enumerou compreender a extensão, em suas múltiplas formas, como parte da formação acadêmica. Exemplificando pela antítese, citou o lugar-comum do professor que vê a participação em evento como estorvo ao andamento do curso. "Essa visão deve ser superada", afirma. Outro fator é buscar que extensão e pesquisa se tornem componentes curriculares dos cursos, e que isso seja previsto nos projetos pedagógicos. Além disso, trabalhar a integração das pessoas envolvidas, em todos os âmbitos da instituição e, por fim, pensar em diretrizes que “não engessem a criatividade para os processos de ensino e aprendizagem”, e sim atuem para induzi-la.

 

Ascom Campus Ceres

 

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Casa cheia na abertura do Integra

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