Roda de conversa discute startups, inovação e acesso à tecnologia
Momento envolveu a participação do público e suscitou discussões produtivas sobre temas relacionados ao Ceagro Agro Experience
Na tarde desta terça-feira, 09 de agosto, a programação de apresentações do Ceagre Agro Experience foi encerrada com uma roda de conversa com Daniel Trento, coordenador-geral de Inovação Aberta do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o engenheiro agrônomo Gustavo Scarpari, proprietário de empresa de aplicações e serviços Agrícolas por meio de drones, e Leandro Souza, diretor científico do Ceagre.
O bate-papo ocorreu após as palestras principais, apresentadas por cada um deles durante a tarde, e teve como objetivo responder às perguntas da plateia, em temas que orbitaram a criação e partida das startups, o acesso à tecnologia por parte dos produtores e inovação de uma forma geral. Abrindo as falas, Leandro Souza respondeu sobre um dos desafios acerca da concepção de novas startups, que é conhecer a região, sua dinâmica e carência.
“As pessoas não conversam para definir o futuro da região. Ou seja, cada um toca a sua agenda, o Sebrae tem sua agenda, o Instituto tem outra, são até concorrentes alguns deles. Cada um vai ter a sua estratégia, mas é preciso ter uma, compartilhar um alvo, um ponto de chegada em conjunto e isso só o ecossistema, só ambientes de inovação, de interação permitem que a gente faça isso. A ideia é compartilhar as boas experiências que estão acontecendo nas diversas regiões. Cada uma tem uma característica, cada um tem uma cultura agropecuária diferente, cultura inovativa e cultura de associação diferenciada. É muito importante ter uma caracterização regional, para entender como que essas outras regiões estão se articulando, quais são as potencialidades e dificuldades nesse motor de geração de startup”.
Na sequência, Gustavo Scarpai, que é empreendedor na área, respondeu à pergunta acerca de quais dicas são efetivas para quem tem interesse em começar uma startup na atualidade. Ele reforçou em diversos pontos de sua fala que sair da inércia e pôr em prática a ideia é o ponto crucial.
“Não espere estar pronto, comece. Se você tem uma ideia, aí fica com vergonha, medo de que alguém vá roubar a sua ideia – a ideia não vale nada. Você tem que começar, chama um parceiro. Se às vezes você não consegue sozinho, às vezes falta dinheiro, chame o seu amigo do lado, alguém de confiança, e comece. Não espere estar pronto. Lembre-se de que eu falei, na minha apresentação, do momento do MVP [do inglês Minimum Viable Product], produto minimamente viável. Comece, procure gente, um HUB, que é um negócio muito legal, junta várias startups, várias cabeças boas que frequentem esses lugares. Por exemplo, este evento que vocês organizaram aqui em Rio Verde. Aproveitem, chamem seus colegas que – não vieram hoje – para virem aqui amanhã. Eu acho que tem que se interessar, gente. Não fique esperando cair no colo, esperando o professor trazer uma coisa. Vá e faça acontecer”.
Daniel Trento, do Mapa, respondeu a uma provocação do produtor rural Ivan Broselli. A questão era como fazer que o produtor tenha mais acesso às tecnologias, inclusive os que “estão tentando acessar, mas ainda não estão conseguindo achar o caminho”. Trento desenvolveu sua resposta expondo o outro lado, que é o do pesquisador que faz seu trabalho buscando, da mesma forma, aproximar-se dos produtores para aplicar a solução proposta. A questão gira em torno de proximidade e interesse, em sua opinião.
“Eu acho que a pergunta dos institutos de pesquisa, do IF, é a mesma: ‘como que a gente pode se aproximar?’. O que eu tenho visto ao longo do tempo, tanto na Embrapa quanto no Ministério, é que em termos de adoção de tecnologia os produtores mais bem sucedidos são aqueles que estão próximo ao instituto de pesquisa. Na verdade, é buscar e conversar, é demonstrar o seu interesse, sua curiosidade ou seu problema. Do lado de cá o pesquisador também quer estar próximo do produtor para poder levantar uma demanda real e não ficar só lá desenvolvendo um trabalho de pesquisa que depois de pronto ele vai buscar um alvo, né? É para isso que existem ambientes como esse. E porque não trazer empresas, startups, junto? Porque são elas que vão levar a tecnologia para o produtor. O professor, o pesquisador, ele até desenvolve algo, mas ele não vai vender para o produtor. Se eu tiver uma empresa que vem aqui e ela vai crescer e vai entregar a solução não pra um, mas pra dez, depois pra cem, depois pra mil, estamos incentivando o desenvolvimento da própria região”.
Encerrando a roda de conversa, Leandro Souza aproveitou para chamar atenção acerca não só do papel das instituições de fomento a pesquisa e inovação, tal qual o Ceagre, como também sobre a outra forma de desempenhar a pesquisa, aplicada à busca de soluções e aplicações para o mercado. “Esse ambiente que está aqui, ele está para servir a comunidade, para fechar conexões. Na parte da manhã vocês viram que tem diferentes áreas com diferentes formas de atuação justamente para maximizar essa interação. Eu costumo falar que antigamente quando se formava um doutor, todo mundo esperava um novo professor. Em países de primeiro mundo, há anos não é assim. Virou-se um doutor, gerou-se uma nova fábrica de inovaçãol”, concluiu.
COMUNICAÇÃO SOCIAL Campus Ceres, especial para o Ceagre Agro Experience
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